domingo, 3 de junho de 2012

A Boa Nova do Sexo e do Casamento 8





Retirado da apostila do II Curso para Agentes do setor pré-matrimonial da Pastoral Familiar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. Tradução livre e resumida do livro Good News About Sex and Marriage – Answers to Your Honest Questions About Catholic Teaching, de Christopher West, por Tatiana de Melo. Só pode ser utilizado mencionando-se as fontes e sua cópia não pode ser usada para fins lucrativos.


Quando é impossível dizer o “sim”
Atração pelo mesmo sexo

Se não vivermos corretamente as diferenças entre os sexos, que distinguem homem e mulher e os convidam à união, seremos incapazes de entender a diferença entre o homem e Deus e seu convite à união. Incorreremos no desespero de uma vida sem os outros e sem o Outro,
ou seja, Deus.
(Stanislaw Grygiel)

A difusão do homossexualismo como um estilo de vida publicamente aceitável é um outro sub-produto da dissociação entre sexo e procriação. Em primeiro lugar, quando digo a palavra “sexo” não me refiro ao que pode acontecer entre quatro paredes, a portas fechadas. Sexo, é preciso sublinhar, não é um verbo, é um substantivo. É quem somos: homens ou mulheres. Quando perguntamos sobre o significado do sexo queremos, na verdade, saber o significado da nossa criação como homem e mulher.  Se você é homem, Deus o criou para ser um homem. Se é mulher, Deus a criou para ser mulher. Este é o sentido inerente do sexo. A maior tragédia da humanidade é ignorar as distorções sexuais, buscando torná-las “normais”.

1. O padre da minha paróquia disse que não há problema nenhum em ser gay, desde que eu não viva a homossexualidade. É verdade?
Seu padre deve estar se referindo à tendência homossexual e ao comportamento homossexual. Se a atração pelo mesmo sexo é algo que independe da minha vontade, ela não é má em si mesma, mas também não significa que “está tudo bem”... Os alcoólatras têm compulsão por álcool; os comedores compulsivos, por comida. Seus desejos não são pecados, mas nem por isso são coisas boas.
Apesar de tudo o que a propaganda pro-gay tenta nos fazer engolir, ninguém é homossexual. Ninguém é ontologicamente (ou seja, na essência mais profunda do seu ser) atraído pelo mesmo sexo. A identidade sexual se refere a termos sido criados com o sexo masculino ou feminino. Como seres humanos, imagem e semelhança de Deus, somos todos chamados à comunhão de amor. Quem se sente atraído pelo mesmo sexo sofre de uma desorientação ou desordem, porque se afasta da complementaridade dos sexos conforme ordenado nos planos de Deus.
A natureza humana decaída sente atração por muitas coisas más. O homossexualismo é só mais uma na lista. Esta atração pelo mal é a concupiscência. Ela vem do pecado, mas não é um pecado em si, é uma tendência. Os que sentem atração pelo mesmo sexo, assim como todos nós, são chamados a viver a castidade, a experimentarem a redenção da sua sexualidade.

2. O que há de errado em duas pessoas do mesmo sexo que se amam? Deus não é amor?
Aí temos um problema. Não podemos projetar a nossa idéia do que seja amor em cima de Deus. Deus é amor (I Jo 4,16) e nós devemos amar como Ele. Do contrário, não é amor.
O amor erótico é uma forma especial de espelharmos o amor de Deus. Ora, é impossível para duas pessoas do mesmo sexo viverem isso, ou seja, porque primeiramente elas não fazem... sexo! O ato sexual é o encontro dos genitais e isso só é fisicamente possível entre um homem e uma mulher. Por isso, até o termo “homossexual” não é apropriado. Os genitais de um homem não podem se unir com os genitais de outro homem, assim como os genitais de uma mulher não podem se unir com os genitais de outra mulher. É simplesmente impossível.
Quando tentamos dissociar nossas almas da orientação fundamental dos nossos corpos, caímos na heresia do dualismo. Quem tenta justificar o homossexualismo incorre fatalmente neste erro. Nosso corpo nos revela e nos define. Dissociar o amor da verdade revelada no nosso corpo é uma grave antítese.
E sabemos que no amor verdadeiro não há erro. O amor sempre busca o bem do outro. Se pessoas do mesmo sexo realmente se amassem jamais procurariam algum tipo de comportamento erótico justamente por causa deste amor.

3. Que Deus cruel é esse que não permite que duas pessoas que se amam expressem seu amor?!
Deus não criou as pessoas com atração pelo mesmo sexo. Essa desordem é resultado do mundo decaído em que vivemos. Todos nós precisamos re-ordenar nossa sexualidade, pois a tentação vem para todos. É uma cura para todos nós: encontrarmos em Cristo nossa verdadeira identidade de homens ou mulheres. Isso não quer dizer que se tivermos fé todos os nossos problemas, confusões e feridas desaparecerão instantaneamente. É um processo gradual para o qual devemos usar tudo o que há de bom em termos de suporte psicológico, direção espiritual, vida sacramental, leituras espirituais, etc.
Nossa vocação, o chamado que Deus nos faz não é impossível de se viver. É difícil, mas a Graça está conosco.

4. Isso significa que quem é homossexual deve mudar e se tornar heterossexual?
Voltemos mais uma vez ao cerne da questão: não existe, de fato, homossexualidade, nem heterossexualidade. Só existe sexualidade: o chamado de Deus para amarmos como Ele ama. Somos imagem do amor de Deus no matrimônio ou no celibato. Qualquer outro desejo ou atração nos priva do verdadeiro amor. É como o frio, que é a ausência do calor, ou a escuridão que é ausência da luz. O frio não pode “se transformar” em calor, mas quando o calor chega, o frio desaparece. A escuridão não pode “se transformar” em luz, mas quando a luz chega, a escuridão já não existe mais. Da mesma forma, os homossexuais não “se transformam”, eles se tornam aquilo que eles são. Como o sol que nasce em meio ao frio e à escuridão, a verdade sobre a nossa sexualidade faz desaparecer as distorções e traz luz e calor. Ainda pensando nesta analogia, a maioria no nascer do sol, quando ainda há uma mistura de luzes e sombras. Outros conseguem chegar ao meio dia.
Cada um com sua luta, mas o importante é assumir a redenção de Cristo para sua sexualidade. Redenção que vem da cruz, e a cruz lembra que teremos sofrimentos, nos lembra que teremos que “morrer” para muitos maus hábitos arraigados para nos re-posicionarmos em nossa própria identidade. Quem decide tomar a sua cruz, vê que é possível.

5. Qual é a diferença entre o relacionamento de casais estéreis e o dos homossexuais, se ambos não podem mesmo ter filhos?
A união do casal que não é deliberadamente esterilizado, mas permanece aberto à vida, é uma união genital. Ela acontece do jeito que Deus pretendeu para que novas vidas fossem geradas. Já entre pessoas do mesmo sexo, o que acontece, como mencionado anteriormente, não é sexo, é, em última análise, masturbação. Existe uma diferença entre o casal que tem uma relação que resulta em infertilidade e uma relação que já estéril por si mesma.

6. Não corremos o risco de sermos acusados de homofobia?
É verdade, mas seremos acolhidos por tantas vozes que são silenciadas pela campanha pro-gay da mídia. Lembremos que um distorção da verdade tem, afinal, algum elemento de verdade. Há sempre o desejo sincero de uma pessoa que quer se auto-afirmar, amar e ser amada. A compaixão deve nos levar a ouvir, compreender mas também re-afirmar o compromisso com a verdade.
Além disso, é preciso caridade dos dois lados. Acusar os que são a favor de um “estilo homossexual de vida” como pecadores é uma falta de caridade tão grande quanto chamar de “homofóbico” quem não comunga com suas opiniões.
[Nota do blog: Devemos SIM alertar que os homossexuais e aqueles que defendem esse estilo de vida estão em pecado. Entretanto, tudo deve ser feito com caridade. "Não se imponha a verdade sem caridade, mas não se sacrifique a verdade em nome da caridade" Sto Agostinho]
Não podemos ignorar o preconceito e o medo que assolam os homossexuais. Todo tipo de violência não é comportamento cristão e, portanto, condenado pela Igreja Católica.

7. Eu conheço duas lésbicas que moram juntas no meu prédio. Elas são as melhores pessoas que eu conheço, sempre tão amáveis com todos... não dá para acreditar que elas estão em pecado...
Você é amável com seus parentes e vizinhos? Isso significa que você nunca pecou de outras formas? Claro que não. As pessoas que vivem em estado de pecado em determinado aspecto de suas vidas são, como todos nós, capazes de demonstrar amor e gentileza. O fato de terem um comportamento erótico em desordem não quer dizer que sejam pessoas más. Significa que precisam da redenção de Cristo na sexualidade, assim como todos nós.

8. Sou casado e tenho três filhos, mas, às vezes, já me senti atraído por outros homens. Eu sou gay? Tenho medo que isso destrua meu casamento. O que eu devo fazer?
Não, isso não significa que você é gay, pois lembre-se de que ninguém é gay em sua essência. Isso significa que você vive num mundo decaído e está confuso acerca da sua própria identidade masculina.
Na ausência de relacionamentos saudáveis, na ausência de uma figura masculina digna, os rapazes naturalmente procuraram algo para preencher esta lacuna na formação da personalidade. Surgirá a necessidade de admirar e conviver com alguém que percebam ter se “tornado homem”. Para alguns, esse desejo pode vir erotizado.
Mas o que é ser um homem de verdade? Será que é a imagem que a mídia transmite? Diga para Jesus: “O Senhor foi um homem de verdade. Eu escolho me identificar contigo, mesmo sabendo que posso ser, como o Senhor, rejeitado, zombado, até crucificado...”
Essa verdade é libertadora, mas não há fórmula mágica para curar emoções e desejos confusos, mas valem quatro dicas:
- Eduque-se: Procure boas leituras espirituais sobre a sexualidade.
- Mergulhe fundo em sua própria alma e descubra as falsas imagens sobre a masculinidade: Compare o que você acha que é ser um homem com o modelo de Cristo. “Eis o homem.” (Jo 19,5).
- Se passar um episódio de atração por outro homem, tente descobrir o que isso significa:  Muitas vezes, esses tipos de atração vem não de coisas que admiramos, mas de medo de coisas que nos faltam. Quando vemos nos outros uma certa qualidade podemos querer nos apropriar dela. Mais um motivo para você se apegar a Cristo nesses momentos.
- Não passe por isso sozinho: Partilhe suas lutas com um amigo de confiança, um diretor espiritual ou alguém que possa te orientar com conselhos cristãos.

9. Nossa filha acaba de confessar que é lésbica e que vai morar com a “namorada”. Meu marido e eu não sabemos o que fazer...
A tensão entre vocês e sua filha, com certeza, será grande, mas não a rejeitem, não percam contato com ela. Isso não significa que vocês devem aprovar as escolhas da sua filha. Se vocês conhecem a verdade sobre o plano divino para a sexualidade humana, a maior prova de amor que podem dar é continuar a orientá-la nessa verdade – com humildade, respeito, paciência, discussão aberta, compreensão e oração. Os pais não devem se culpar pelas decisões dos seus filhos. Mas é preciso ser dito que a dinâmica familiar tem um papel importante. Assim como o amor o pecado também é difundido. Por isso, não tenham medo de deixar Cristo iluminar suas vidas e, se preciso, peçam perdão à sua filha por erros passados. Seria válido também procurar ajuda com um psicólogo de confiança ou um diretor espiritual.
Aproveitem essa oportunidade para o crescimento da família. Cristo entrou no mundo através de uma família para restaurar a família. Não tenham medo de abrir suas portas a ele.

Um comentário:

  1. Embora o conteúdo já estjea muito bem trabalhado, gostaria de indicar dois complementos:



    1) texto oficial da Igreja, emitido pela Congregação para a Doutrina da Fé, sobre como o clero deve agir com relação às pessoas homossexuais: http://www.doctrinafidei.va/documents/rc_con_cfaith_doc_19861001_homosexual-persons_po.html

    2) minha análise sobre o ponto de vista exposto no blog de um grupo de homossexuais que se pretende católico: http://oandarilho01.wordpress.com/2012/05/11/contra-a-apologia-homossexual-pseudo-catolica/

    Paz e Bem
    Deus abençoe e faça frutificar este apostolado!

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