Continuação da breve série de postagens - que começou aqui - onde será transcrita uma parte do livro "Do Amor Humano" (In Defense of Purity) de Dietrich Von Hildebrand , Tradução de Elgitha Resende de Almeida.
[Beneditinas de Maria, Rainha dos Apóstolos]
Conforme já mencionamos, até o prazer inocente e inteiramente legítimo de muitas coisas boas produz, em primeiro lugar, uma certa saída para os instintos elementares do homem; em segundo lugar, uma oportunidade para a indulgência dos resquícios de concupiscência e orgulho na natureza humana decaída e, deste modo, envolve em si mesmo um certo perigo de excesso.
Para se controlar estes instintos(mesmo quando a abertura da passagem não conduza a qualquer excesso) é indispensável uma explícita renúncia ao orgulho e concupiscência, o que, se inspirada pela reta intenção, constitui, pelo menos, um método disciplinador pelo qual nos libertamos de seu jugo. O deleite, por exemplo, com a posse de uma boa casa, ou roupas bonitas, por certo não constitui um mal em si mesmo, mas com facilidade pode envolver, mesmo inconscientemente de todo, a indulgência que São João chama de a luxúria dos olhos - uma mistura de orgulho e sensualidade.
Em todo o caso, a livre escolha de uma vida de pureza e a renúncia a todas as posses proporcionam um método direto pelo qual a luxúria dos olhos pode ser completamente vencida, enquanto o gozo inocente de uma propriedade, mesmo quando não conduza a qualquer excesso deliberado, não constitui, de qualquer forma, semelhante instrumento de purificação.
A liberdade exterior, a habilidade para fazer ou deixar inacabado o que desejamos, (naturalmente só dentro dos limites do que Deus não proibiu) essa independência exterior ,pela qual a juventude anseia tão apaixonadamente, é, sem dúvida, algo genuinamente bom, que é de todo lícito desfrutar, mas, com facilidade, pode demonstrar a indulgência de um desordenado desejo de liberdade e um certo orgulho. Trata-se do gosto da vida, mencionado por São João. Neste caso, também a renúncia voluntária a este bem constitui um meio direto de auto-emancipação, o que a liberdade comum, embora em si mesma inocente, obviamente não o é.
De modo semelhante, esse bem nobre e santo - o casamento - envolve (mesmo como um subproduto de todo involuntário) contato com a esfera da luxúria da carne e, com isso, o inevitável perigo de rendição à sua gratificação inconsciente. Mas, por essa própria razão, recusar alívio à ferroada da carne constitui um método peculiarmente eficaz para mortificá-la, o que a vida matrimonial(mesmo quando o exercício do sexo se restringe à sua mais alta função) não pode dispensar, uma vez que o ato da união conjugal sempre implica, por menos que seja procurado deliberadamente, uma saída para as exigências do sexo.
Os conselhos evangélicos - pobreza, obediência e castidade³ - prescrevem o caminho exterior para a santidade, em que o heroísmo renuncia até a esses bens cujo uso de forma alguma é pecaminoso, e, na verdade, bom em si mesmo.
Sua finalidade, em primeiro lugar, é ascética. Como continência total, a virgindade consagrada constitui uma união com Deus, á medida que representa, ao mesmo tempo, a completa renúncia à luxúria da carne. A finalidade do ascetismo (aqui, de importância fundamental) é a purificação por meio da renúncia, uma vez que a purificação é um requisito para a perfeita união com Deus. Sua outra finalidade - a fuga radical de todas as ocasiões que envolvam o perigo de um deslize - também podem desempenhar uma parte. Mas, deste ponto de vista ascético, a virgindade em si não constitui um vínculo mais íntimo com Deus; ao contrário, esse vínculo deve ser procurado somente na heróica determinação, nascida de um extraordinário amora Deus, de renunciar a todo e qualquer bem antes de incorrer no risco de separar-se Dele por algum lapso.
Em outras palavras, considerada do ângulo ascético, a virgindade prepara a base da união mais íntima com Deus, mas, deste ponto de vista, a união com Deus(que a virgindade, enquanto castidade consagrada, cria) não é nupcial especificamente. Com efeito, ela pode auxiliar a relação nupcial, porquanto constitui um meio efetivo para realizar essa união com Deus, o que, o casamento com Jesus(no sentido da alegoria há pouco elaborada) envolve. Mas, neste aspecto, se comparada à pobreza e obediência, não representa coisa alguma essencialmente nova. Elas, também, constituem métodos de purificação de importância decisiva. Em outras palavras, o ângulo ascético não pode fornecer resposta à nossa pergunta; não pode representar o fator na virgindade que a torna, e a ela exclusivamente, a base de um casamento singular com Cristo.
³ Aqui, o termo "castidade" deve ser considerado no sentido de continência total, não no sentido mais estrito, há pouco explicado.
Oi, Barbara, amei conhecer este lindo trabalho de evangelização que você faz pelo seu blog! Ele me inspirou e criar dentro do blog do Setor Pré-matrimonial uma indicação de blogs e sites ligados à castidade. O seu está entre eles, claro, e mais alguns da sua lista. Parabéns e que Deus te abençoe! Reze para conseguirmos levar à frente o projeto na WEBTV. Tatiana
ResponderExcluirBoa tarde Bárbara!
ResponderExcluirGosto muito do seu blog, leio sempre e me esforço para aplicar tudo que aprendo aqui no meu dia a dia. Não é fácil, mas com a ajuda da Nossa Mãezinha sei que conseguirei levar uma vida de santidade!
Queria pedir uma ajuda: na primeira vez que visitei o seu blog vi a foto de Santa Inês e "simpatizei" com ela, mas não a conhecia. Fui procurar sua história e gostei muito. Queria saber mais sobre ela, entretanto, só achei um livro infantil que falasse sobre ela. Você sabe se existe algum livro sobra Santa Inês?
Fique com Deus e obrigada por ajudar tantas vidas através desse trabalho maravilhoso!
Mayara :)
Mayara,
ResponderExcluirBom dia!
Eu tenho um Manual da Pia União das Filhas de Maria que tem a história da Vida e martírio de Santa Inês. É um livro que não se publica mais, mas posso me disponibilizar a transcrever esta parte pra você, que tal?
Já viu a sessão ''Padroeiras'' aqui no blog?
Agradeço muito o seu comentário, são testemunhos como o seu que fortalecem contra o desânimo de postar no blog que bate as vezes.
Fique com Nosso Senhor e a Virgem, Santa sexta-feira santa!
Boa noite!
ResponderExcluirAdorei a idéia! Não precisa ter pressa não viu? :)
Já vi a sessão, aliás, entrava todo dia pra ver se você tinha atualizado a sessão hahaha!
Não desanima não! É que a gente lê o blog e acaba não comentando, pode parecer que você tá abandonada! Prometo que vou comentar sempre pra você não se sentir sozinha ;)
Fique Com Deus, beijos!