A mulher e o homem foram criados por Deus um para o outro. A visão
burguesa pinta a mulher como uma espécie de ser subumano, meio
imbecil, cuja única missão no mundo é lavar as cuecas do macho dela. A
visão feminista, revoltada contra este absurdo mas tendo ouvido o galo
cantar e sem saber onde, separa a mulher do homem. Já dizia a líder
feminista que a mulher precisa do homem tanto quanto um peixe precisa
de uma bicicleta.
Ambas são mentirosas. A mulher precisa do homem quase tanto quanto o
homem precisa da mulher. E é nesta interdependência que se dá o
crescimento de um e de outro, que se torna possível a formação de um
todo que é maior que a soma das partes: a família.
A família se deve à mulher. Ela obriga o homem a manter-se no lar, que
é da mulher. Sem o matrimônio, o homem vai fugir, vai trocar a mulher
de quarenta por duas de vinte. O matrimônio é "múnus", é dever e
responsabilidade da mulher, por ser ela mais capaz que o homem neste
ponto, é esta ordem familiar, que ela cria e mantém. É o "matri
munus", o múnus da mãe, o matrimônio. Querer que a mulher se dedique,
em suposta igualdade de condições, ao múnus do pai (o "patri munus",
patrimônio), competindo no mercado de trabalho como caixa de
supermercado ou qqr outra profissão que é exercida exclusivamente pela
remuneração, não por vocação, como querem as feministas, é negar o que
a mulher tem de específico e transformá-la numa versão menos eficiente
do homem.
Ora, a mulher é infinitamente superior ao homem em tudo o que diz
respeito à manutenção e à criação de uma ordem complexa. A ordem que o
homem cria é simples, seca, feia: a ordem de um quartel, de uma
oficina. Nela não há lugar para as nuances e riquezas que as mulheres
percebem e organizam melhor que os homens, para aquilo tudo que faz de
um lar algo essencialmente diferente de um apart-hotel ou quartel.
A teologia clássica (ou seja, a teologia ortodoxa, em contraste com o
bestialógico reducionista de uma suposta "teologia da mulher" de
origem feminista em que se fica tratando homens e mulheres como peças
intercambiáveis e querendo que mulheres sejam "padras") não é nem
poderia ser machista. Ao contrário, aliás. Na teologia clássica,
aprendemos que os Céus e a Terra têm - como qualquer ordem complexa e
baseada no amor - uma Rainha. A Criação - e, mais ainda, a Comunhão
dos Santos, dentro dela mas ordenada além pela Graça - não parece com
um quartel, sim com uma família. É uma ordem infinitamente complexa,
uma interdependência cuja riqueza e cuas nuances de sentido e de fluxo
(fluxo de graça, fluxo de amor, fluxo de perdão e de auxílio mútuo)
são ordenadas pelas mãos feminíssimas daquela que é a Medianeira de
Todas as Graças.
["Bispa" Luterana Escandinava]
Quando comparamos a beleza desta visão a uma visão realmente machista,
a uma visão "teológica" surgida no auge da modernidade, como a dos
mórmons, isso fica ainda mais claro. Para eles, a salvação seria
operada pelos homens fazendo coisas supostamente racionais
(ministrando sacramentos por procuração aos antepassados), e às
mulheres competiria servi-los como escravas. Uma mulher mórmon acha
que sua salvação vem por ela servir um homem que será salvo. Ela é um
apoio, um adorno, uma escrava; é ele que opera um mecanismo cru e
simples de "salvação" que pode levar a ela e às outras "esposas" do
sujeito a alguma ascensão. Isso consegue ser pior, ser mais machista,
ser mais distante da beleza da ordem criada que é posta por Deus nas
mãos da Imaculada, que o próprio Islã.
E é contra este machismo, contra uma visão teologica que pinta de
"católica" uma visão da mulher moderna que é muito mais perfeitamente
expressa no mormonismo, contra este espantalho, este boneco de palha
que nada tem a ver com a visão ortodoxa da mulher, que se levanta esta
"teologia feminista", que surge apenas onde a modernidade ou bem
conseguiu solapar as bases da Fé, como na Europa, ou onde a Fé não
conseguiu dissolver suficientemente a modernidade do território de
missão, como nos EUA.
["Bispa" Anglicana a esquerda]
A visão moderna, mecanicista e masculinizada (no pior sentido: na
hiper-simplificação de uma ordem complexa - pense na diferença entre
um lar, que é feminino, e um apart-hotel ou quartel, que é masculino)
da hierarquia eclesial é que percebe o papel do padre como um papel de
"poder". Ora, o padre, como o pai, leva o lixo pra fora (na
Confissão), bota comida na mesa (confeccionando o Santíssimo
Sacramento), mas isso não é poder. Isso é serviço, e um serviço que só
pode ter o seu lugar correto, só pode ser aquilo que Deus quer que ele
seja quando ocorre dentro de um quadro de ordem infinitamente
complexa, um quadro essencialmente feminino: a Igreja, Esposa de
Cristo, ministrando as graças que nos vêm pelas mãos da Mãe
Medianeira.
A Igreja é um matriarcado, como é um matriarcado qualquer lar. A
palavra final sobre cada detalhe é de quem é capaz de percebê-los: a
mãe. O trabalho sujo, a troca de lâmpadas e o lixo levado pra fora,
compete àquele que, deixado a seus próprios desígnios, seria capaz
apenas de criar um quartel: o pai.
Querer que mulheres sejam "padras" significa retirar da mulher a sua
função mais bela de organizadora, e fazer com que ela se encaixe numa
organização puramente natural de modelo masculino. A hierarquia da
Igreja, no seu aspecto natural, é tão pobre e tão nua quanto uma
hierarquia militar. Não é, como a hierarquia militar tampouco o seria,
um lugar para mulheres. É por isso que a hierarquia da Igreja
transcende o natural e mergulha plenamente na ordem da Graça. É por
isso que cada padre, cada Bispo, cada diácono é chamado e instado a
entregar-se nas mãos da Santíssima Mãe de Deus: para que esta ordem
não seja o que ela seria se deixada à natureza, não se resuma a um
seguimento cego do Direito Canônico, numa simplificação da realidade
tão tacanha que só poderia ser feita por homens.
Ao contrário, contudo, quando se coloca - como tentaram os anglicanos
- mulheres nesta hierarquia, elas a subvertem. Mas esta subversão, por
ser feita por mulheres que estão tentando agir como homens, faz com
que a ordem direta e simplificada dos homens tente acolher aspectos de
diversidade que só a misericórdia e a leitura multifacetada da
realidade que é feita pela mulher pode acolher e ordenar
verdadeiramente. Estas mulheres que se querem "bispas" ou "padras"
tentam inserir na seca e feia ordem do Direito Canônico aquilo que só
pode florescer na ordem da Graça. O perdão se torna legitimação
formal, tratando masculinamente de algo que deve ser lidado pelo
feminino, pela Graça que nos vem das mãos da Mãe de Deus. E é daí que
surge uma negação da ordem natural e da ordem divina: das mulheres que
querem ser homens tomando o lugar da Medianeira de todas as Graças, e
substituindo a Graça pela legorréia masculinizada. Daí vêm os "bispos"
sodomitas da Comunhão Anglicana, daí vem a negação da Doutrina Cristã
(tão seca quando expressa masculinamente, tão rica quando vivida
femininamente, como por Santa Teresa d'Ávila ou Santa Terezinha!) que
consiste em tornar lei escrita e formal o amparo feminino que
ocorreria ordenado na Graça divina.
Toda teologia, na verdade, é feminina. É feminina por tratar da Graça
- que nos vem pelas mãos da nossa Mãe -, é feminina por tratar do
perdão - que ocorre por intervenção da Mãe da Misericórdia -, é
feminina por tratar de uma ordem infinitamente complexa. Masculina é a
sua expressão doutrinal, sua simplificação - que fez com que São Tomás
dissesse ser "palha" tudo o que escreveu ao perceber a grandeza e a
complexidade reais desta ordem, ao vislumbrá-la em experiência mística
-, sua expressão no dia a dia, em que - para que nós, homens, tão
bobos, sejamos capazes de operá-la - a Igreja, na sua sabedoria e
misericórdia, nos dá regras bem masculinas: rubricas, leis, regrinhas
simples e ordenações de como devem estar os dedos, os braços, as
roupas.
Como a mulher que, carinhosa, vira para fora a gola que o marido
distraído, ao vestir a camisa, deixou dobrada para dentro, a Igreja
diz como o padre deve vestir os paramentos, o que deve dizer, em que
posição deve ficar.
É por isso que a teologia feita por mulheres é uma teologia sumamente
mística. A teologia de Santa Teresa d'Ávila, por exemplo, quando
comparada com a de São João da Cruz - ambos contemporâneos, ambos
místicos, ambos vivendo a mesma experiência de Fé na mesma sociedade
-, grita aos sete ventos a complexidade sublime que aponta para a
simplicidade total do Infinitamente Simples que é Deus.
Mas esta teologia é uma teologia ortodoxa. É uma teologia que trata da
vida da Graça; sem os mapas(! - quer coisa mais masculina que mapas,
em que o mundo reduz sua complexidade a parcas linhas num papel?!) de
São João da Cruz, sem as simplificações que a mente de um homem
precisa operar para apreender a realidade.
Que diferença enorme que há entre isso e as patéticas demandas das
feministas! Enfiam mulheres nos presbitérios, negando-lhes a dignidade
feminina e - na melhor das hipóteses - tratando-as como molequinhos
que a mãe penteou, com risca no cabelo molhado e a camisa para dentro
das calças, num sucedâneo triste da complexíssima ordem feminina que,
quando expressa numa mulher em botão - a irmã do molequinho - irá se
revelar na mecha de cabelo que cai caprichosa ou na flor que orna um
penteado de festa.
Padres e ministros são como os molequinhos arrumados pela Mãe
carinhosa, enfiados em roupas estranhas, com cabelos que boi lambeu,
com as golas na posição certa. São homens dominados pelo amor da Mãe.
Vê-los como "poderosos" é negar o poder real, o poder feminino da Mãe
Igreja. E enfiar mulheres entre eles só serve para diminuir as
mulheres e subverter a ordem feminina na sua expressão masculina.
Um exemplo triste disso é a infelizmente comum teatralização das
leituras litúrgicas, feita por senhoras bem-intencionadas que, creio,
trabalham como professoras. Elas lêem com ênfases bizarras, como uma
professorinha lê uma redação de aluno, salientando palavras, tentando
criar uma complexidade que vá além da parca ordem masculina.
E com isso eliminam a ordem masculina, negando a ordem feminina que a
orientou. É como se o molequinho fosse forçado a usar uma flor nos
cabelos: o que seria beleza na irmã dele se torna humilhação. E os
outros molequinhos fogem, e o presbitério vai se tornando um espaço
dominado por mulheres que querem ser homens, pervertendo a ordem
feminina que orienta a ordem masculina ao inventar e enfeitar o que
foi feito para resistir à grosseria e à hiper-simplificação do homem.
Que nossa Mãe Puríssima nos ajude, para que a teologia siga sendo
feminina, para que a liturgia siga sendo ordenada de modo a permitir
que os homens cumpram seus papéis. Que os presbitérios voltem por toda
parte a ser mesas de meninos de cabelos repartidos e camisas para
dentro das calças, arrumados pela Mãe, não humilhados com flores no
cabelo numa triste confusão entre o feminino e o masculino.
Que Deus nos guarde das mulheres que negam sua condição excelsa e
querem ser homens!
Professor Carlos Ramalhete
Nenhum comentário:
Postar um comentário