Retirado do blog: As Chamas do lar Católico, texto de Luciana Lachance.
Festa de casamento?
Festa de casamento?
Motivo de alegria ou preocupação? Lembrança para ficar eternamente na memória, ou ocasião para ser esquecida? Eis as dúvidas. Algumas pessoas me perguntaram a respeito da festa de casamento – qual a conveniência disso, e tudo o mais.
Ora, Nosso Senhor esteve nas Bodas de Caná, e lá acontecia uma alegre festa, onde veio a faltar o vinho. Eis quando Jesus Cristo começou a vida pública por Sua Santa Mãe! Bem, então a festa de casamento é perfeitamente agradável, é bíblica – certo?
Vamos com calma. De fato, a festa de casamento em si pode ser uma alegre comemoração, igualmente abençoada. A princípio é algo bom. Na prática – especialmente hoje em dia – quanta diferença! Por isso, há de se ver o que os noivos entendem por “festa de casamento”, para que não acabem por participar de uma festa completamente inadequada logo após a recepção do sacramento – e muitos são os esposos que se esquecem disso: recebem um sacramento e depois vão se esbaldar numa comemoração irreverente.
Há quem não se importe em ter uma festa onde muitos passam da conta na bebida, as mulheres vão muito imodestas, os homens a certa altura tiram as gravatas, as danças são sensuais, alguém dá escândalo, boa parte sai falando mal - bem, e aí está o quadro da maior parte das festas de casamento.Infelizmente, é quase inevitável. Devido a falta de trato e de bons costumes da maioria das pessoas, é bem difícil que sua festa não termine por ter o mesmo fim. E o que se faz numa ocasião em que todo mundo começa a dançar, a fazer piadas, a pendurar as gravatas na cabeça? Fica-se emburrado, num canto? Ou a gente acaba rindo, sem graça, das piadas de um fulano?
Bem, creio que uma festa assim não é agradável a Deus. É preciso reconhecer que as pessoas hoje não tem religião – muitas vezes nem a nossa família! – e o que elas esperam numa ocasião dessas é beber, dançar e deixar “tudo bem animado” – leia-se perturbar a ordem. Nossa própria conversão é, muitas vezes, motivo de incógnita para as pessoas, que esperam que a gente simplesmente passe a ir à missa aos domingos, tendo a “nossa fé”. Quando se trata de mudar hábitos, conceitos, costumes, escolhas, comportamento… então já não conseguem compreender a “onda de moralismo” que se abateu sobre nós.
Uma bela festa de casamento seria aquela em que as pessoas reconheceriam as grandes bençãos que Deus derramou sobre o casal. Pede-se, em verdade, o mínimo: boa educação, saber portar-se em público, distinção, comedimento, modéstia, respeito. Compare-se isso com sua lista de convidados: que me diz? Acho que a maioria sente que vai investir dinheiro (e muito!) numa festa em que se acabará torcendo para chegar logo o fim. Aconteceu com muitas pessoas que conheço; e a medida que vamos crescendo espiritualmente, vamos compreendendo o quão distante do meramente aceitável está este comportamento mundano que costumam ter as pessoas em geral nas festas.
Ah, mas alguns hão de exclamar: que politicamente correto! – e aumentam a lista dizendo, com um orgulho quase doentio, que não se abstém das coisas do mundo. Quantas coisas são cometidas em nome desse politicamente incorreto, não? Alguns, realmente, trocam os pés pelas mãos. De repente, todo o liberalismo se apresenta como uma forma de “combater” um inimigo invisível – o tal “exagero protestante”. Estas pessoas têm mais medo de meia dúzia de exageros do que da enxurrada de pecados; e, por fim, têm a mesma festa que o casal que procurou a igreja somente para casar, com diferenças imperceptíveis.
Que faria a jovem moça ou o rapaz católico se recebesse a primeira eucaristia hoje? Ou a Crisma? Quem convidariam e quantos fariam questão de presenciar este momento? Nem os mais chegados… e com que constrangimento concluímos que nossa lista de convidados despreza a religião que temos! Este mundo pagão – com pérfidas intenções – macaqueou o sacramento do matrimônio; transformou-0 numa grande indústria que pretende obrigar as pessoas a desembolsar entre 15 e 20 mil reais para receber as bençãos de Deus! Para mim permanece um mistério porque tantas pessoas fazem questão de ir à casamentos… vamos receber um sacramento da igreja católica- o que, para parte considerável das pessoas, não tem qualquer importância.
Nosso Senhor esteve nas bodas de Caná – e ele estará nas suas bodas igualmente, depois de abençoar o casamento, e também pelo sacramento da eucaristia. Colocou-se tal questão? Não está Nosso Senhor vivo, de corpo, alma, sangue e divindade na sagrada hóstia? Estará a sua festa adequada para tal hóspede? E quanto aos santos? E se lhe fosse possível convidar algumas pessoas virtuosas, como uma Santa Maria Goretti, ou os pais de Santa Teresinha? Como faria o planejamento da ocasião?
Não nos enganemos e – como diz a Sagrada Escritura – não nos conformemos com o espírito deste mundo. Sei que a maioria – muitas vezes por convenção ou por receio de não corresponder às expectativas – gostaria de oferecer uma festa para os convidados, mas eu aconselho a repensar seriamente na possibilidade. Pergunte-se, sinceramente, o que espera deste dia – o dia do seu casamento – e com que espírito pretende receber o sacramento, e como passará o período de ação de graças.
Uma alternativa é – ao invés da festa onde se aluga espaço, etc – realizar uma reunião íntima com a família dos noivos em casa. Pode-se fazer isso no dia seguinte, por exemplo, com um almoço em família.
Espero que estas palavras possam servir de ajuda para o seu casamento! Na próxima parte falaremos do vestido de noiva.
Salve Maria
Cara Bárbara:
ResponderExcluirPeço vênia para discordar. Faço 16 anos de casado mês que vem. Por razões totalmente alheias à minha vontade, meu casamento foi uma zorra, em nada comparável com as mega-produções que você aponta serem exageradas. Mas houve, graças a Deus, uma festa. Com biscoito da padaria, refrigerante e cerveja, mas uma festa.
A festa é indispensável; na verdade, ela é mais indispensável que a presença dos convidados na igreja, já que a única testemunha qualificada ali é o padre.
O matrimônio não é como os outros sacramentos, que são fundamentalmente canais da graça. Ele é algo mais: é uma instituição de direito natural (ou seja, que sempre existiu e sempre existirá, mesmo para pessoas que vivem no erro) que Nosso Senhor *elevou à dignidade de Sacramento*.
O Sacramento do matrimônio dá graças de estado ao casal, e ajuda a inserir ainda mais na ordem divina do universo a vida daquele casal, fazendo de algo natural e necessário algo *também* sobrenatural e precioso à nossa santificação.
Mas não podemos esquecer de que o matrimônio sempre foi e continua sendo uma instituição de diereito natural. A união de um casal é importantíssima para a sociedade, pois é dela que vem a sua célula mais básica, a família. É, sim, uma ocasião de celebração. Celebração de algo natural, e celebração de que aquilo foi elevado e se tornou ainda melhor do que o bem que já era.
O matrimônio não é como a absolvição, que ocorre entre Deus e o penitente: é um evento de toda a sociedade, uma etapa na formação e na preservação da sociedade, e deve sim ser celebrado.
Esta celebração não é nem deve ser uma celebração exclusivamente do divino, do sobrenatural; ela é, e deve ser uma celebração de algo naturalíssimo, de algo que é e já era bom e que, banhado no Sangue do Cordeiro, tornou-se instrumento de santificação *sem deixar de ser instrumento de constituição da sociedade*.
Quando Nosso Senhor assumiu a nossa natureza, nós passamos a ter o que o homem sempre buscara: uma forma de ratificar nos Céus e santificar as etapas da vida. O nascimento natural é amplificado e sobrenaturalmente reproduzido quando, pelo Batismo, renascemos como filhos de Deus. No matrimônio, contudo ambas as instâncias - a natural e a sobrenatural - ocorrem ao mesmo tempo e têm o mesmo objeto.
[continua]
Nas Bodas de Caná, Nosso Senhor transformou água em vinho para gente que já estava de pilequinho (ou, mais ainda, embriagada o suficiente para que ninguém percebesse se fosse servido um vinho inferior, o que provavelmente já é mais que um mero "estar alegrinho"!).
ResponderExcluirNeste milagre, Seu primeiro milagre público, operado por intercessão da Virgem Santíssima, Ele garantiu sobrenaturalmente (para nós, já que agiu de acordo com a Sua Divindade) justamente a festa com gente bêbada, provavelmente falando besteiras, dançando até cair, etc. Não era nem poderia ser uma celebração solene - como deve ser a na igreja! -, sim uma Festa, com "F" maiúsculo, em que tem um tio que tenta acertar um salgadinho na peruca da tia, primos dançando, mocinhas de olhos brilhantes olhando de soslaio com olhares lancinantes para seus namoradinhos apavorados...
É uma celebração alegre e natural de algo que é alegre e natural, mas que foi elevado ainda mais por Nosso Senhor.
Gente que não sabe se comportar, música inadequada, etc., são coisas que estragam a festa, não componentes dela. É perfeitamente possível e completamente desejável que haja festejos públicos, que estes festejos sejam alegres e informais, que se afrouxem as gravatas, que cada casal casado acolha aquele novo casal na sociedade natural, de forma inserida na ordem divina do universo. Confundir festa com bagunça é negar que seja possível viver de acordo com a graça, é querer negar a instituição natural do matrimônio, fazendo dele exclusivamente um Sacramento.
Note que não estou dizendo que se deva fazer festas de dezenas de milhares de reais, mas se é possível fazê-las, que sejam feitas. Melhor uma festa cara demais que não haver festa.
Melhor gastar em vinho que em flores para a igreja. O Sacramento opera do mesmo jeito se for feito a portas fechadas, com apenas o padre, os noivos e pais e padrinhos, e se houver uma celebração com Missa cantada e a igreja cheia de flores. Mas festejar um novo casal é um acontecimento social, e este demanda que não acabe o vinho, demanda que não acabe a alegria, demanda que haja, sim, uma saudável atitude de afrouxar a gravata e dançar até o sapato pedir arrego (mostrando assim que é a hora de tirar o sapato para continuar dançando!).
Evidentemente, a banda ou discotecário deve estar ciente de que não deve tocar músicas obscenas, e espera-se que os convidados tenham a decência de perceber que festa e orgia não são sinônimos. Mas a festa tem, sim, que ocorrer.
[]s,
seu irmão em Cristo,
Carlos Ramalhete
Professor!
ResponderExcluirÉ com imenso prazer que recebo sua visita aqui neste cantinho. Não sei como o senhor chegou aqui, mas fico imensamente feliz que tenha dado um pouco do seu tempo para ler e comentar aqui no texto que eu gostei tanto, mas que foi escrito pela Luciana Lachance, do blog As Chamas do lar Católico(http://lucianalachance.wordpress.com).
Suas observações são muito boas e são procedentes, professor! O casamento tem sim a sua parte de direito natural, mas não podemos esquecer que ele é também sobrenatural, por ter sido elevado a Sacramento. Não descarto totalmente a possibilidade de se fazer uma festa sadia e agradável aos olhos de Nosso Senhor e sua Santíssima Mãe, mas penso que um jantar, um momento mais comedido seja mais conveniente após a recepção do Sacramento. Sim, podemos excluir as músicas que contenham obscenidades e outras coisas deploráveis, mas muitas vezes não depende só da música. A música ajuda e muito a aparecerem certas danças e modos inconvenientes, mas dependendo do convidado, mesmo com uma música normal podem aparecer certas indiscrições.
Hoje em dia é difícil falar em festa de casamento boa, casta e santa. Tendo em vista tantos casais que só procuram - e quando procuram - a Igreja para usar o espaço e falam os votos sem saber com o que estão se comprometendo... É triste o cenário ''católico'' da grande massa brasileira e, porque não, mundial.
Excelente texto, de um bom senso irretocável. No entanto a crítica que se faz à festa de casamento, a meu ver, deveria valer para qualquer festa prmovida por um católico, seja de formatura, aniversário, fim de ano... Todo tipo de diversão transviada e desrespeitosa deveria ser evitada. É claro que o fato de a festa estar ligada a um momento tão sublime e íntimo do casal, e que aliás se constitui como sacramento, agrava este fato. Mas toda festa, em si, deve exigir o mínimo de respeito. Não faz sentido preocupar-se em fazer uma "festa de casamento comportada" e uma "festa de aniversário liberal".
ResponderExcluirEsta frase para mim é perfeita para resumir a depravação lamentável de nossas festas: "De repente, todo o liberalismo se apresenta como uma forma de 'combater' um inimigo invisível – o tal 'exagero protestante'. Estas pessoas têm mais medo de meia dúzia de exageros do que da enxurrada de pecados".
Na última festa de casamento que fui, chegou uma hora -- lá pelas 2 da manhã, onde colocaram o "funk das piriguetes". O mais triste foi ver pessoas e jovens que participam da Igreja, de grupo de oração, etc, dançando essas coisas com fosse fosse uma dança normal. Alguém pára o mundo que eu quero descer.
Eu acho que a festa é boa.
ResponderExcluirA escolha criteriosa das músicas já faz uma grande diferença. Ninguém dança funk ao som de forró. Se músicas indecentes são tocadas, danças indecentes vão aparecer. Evitando-se este tipo de música, evita-se a dança correspondente.
Além disso, se o casal é católico é de se supor que tenham amigos católicos que se comportem como católicos (é isso o que tenho visto nos casamentos para os quais fui convidada). O que não dá é pra supor que a festa necessariamente irá evoluir para uma orgia e por conta disso substituir a festa por um jantar/almoço em família.
Como o Prof. Carlos bem falou, a celebração de um matrimônio é motivo de comemoração para a sociedade e não apenas para as famílias dos noivos.