Feche os olhos.
A noite já caiu e no céu começam a surgir as primeiras estrelas. O som ao longe é de uma bela valsa. Você se aproxima e percebe de onde vem a música, é um baile. Um belo baile. Você encontra o seu amigo, que é como a donzelas chamavam seus namorados em meio ao trovadorismo, ele a olha nos olhos, sorri e lhe entrega uma rosa que trazia oculta nas costas.
Ele abre os lábios, esboçando o início de uma frase, quando, de repente, você acorda. Tinha cochilado. Olha em volta e vê onde você estava de fato, no banco de uma pracinha com um livro nas mãos. Você se levanta, passa por um jovem rapaz e ele cospe a seguinte pérola:
Nossa, nossa!
Assim você me mata...Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego.
Céus! Como pode ser isto possível? Como o homem, sendo dotado de inteligência, pode proferir uma desgraça como essas? Como?
É, chegamos ao ponto de tamanha decadência. Depois de Shakespeare e Camões bradarem aos quatro ventos deste azulado planeta juras de amor eterno e maravilhosas composições que fariam o coração de qualquer donzela palpitar, eis que uma voz se ergue - a de Michel Teló! Pasme comigo.Como nos diria Vander Lee em sua canção, Romântico é uma espécie em extinção.
Em nossas músicas contemporâneas o que mais podemos notar é o objeto em que transformaram a mulher.
Eu te imagino, eu te conserto
Eu faço a cena que eu quiser
Eu tiro a roupa pra você
Minha maior ficção de amor
Eu te recriei, só pro meu prazer
Só pro meu prazer(Só pro meu prazer - Leoni)
Notam o estado de calamidade pública em que nos encontramos? Por que raios não fazem melodia para essa raridade de Sêneca?
Uma mulher bonita não é aquela de quem se elogiam as pernas ou os braços, mas aquela cuja inteira aparência é de tal beleza que não deixa possibilidades para admirar as partes isoladas.
Sêneca
Isto se deve a gradual decadência que nossa sociedade tem assistido e, não raras vezes, aplaudido de pé. A música de Michel Teló, por exemplo, até versão em inglês ganhou. Que ótimo! Assim, mais pessoas no exterior vão ratificar suas infames opiniões de que a mulher brasileira é uma qualquer. Não é perfeito? Não para nós. Mas, para as feministas talvez seja. Afinal, elas não queriam tanto a emancipação sexual? A igualdade de gênero? Eis o preço que pagamos agora pela infeliz audácia das militantes deste medíocre movimento.
O contexto hedonista no qual estamos inseridas, busca o prazer acima de tudo. Do grego hedonê, que significa prazer/vontade, o hedonismo é uma filosofia que afirma ser o prazer o supremo bem da vida. Isto é indiscutivelmente irracional, pois desrespeita a ordem das coisas. O prazer em si é bom e é querido por Deus, mas não pode ser um fim em si mesmo. É bom sentir prazer comendo, por exemplo, mas comer é apenas um meio para chegar ao fim próximo que é manter a saúde de forma a termos o corpo fortalecido para seguir os caminhos do Cristo, nosso fim último. Comer muito por prazer a ponto de até mesmo sentir-se mal é agir contra a reta razão, é alterar as prioridades. O prazer é um meio e antecipa-nos uma prévia do que será o gozo no Reino dos Céus, na Jerusalém Celeste, onde louvaremos o Tudo com todos.
Este meio social em que as pessoas são formadas para pensarem só em seus próprios umbigos, ignora a dignidade da mulher e, não só, a dignidade humana. Toda esta volta filosófica que demos é para que possamos ver sob uma nova luz a que ponto chegamos. Acredito que tanto as feministas quando o hedonismo tem sua parcela de culpa nesta atual crise no romantismo inerente aos dias atuais. Este por buscar desenfreadamente o prazer e somente o prazer e, aquelas, por não enxergarem o que até uma criança de 3 anos enxergaria facilmente: meninos são diferentes de meninas.
A cega busca por igualdade, levou as mulheres a dividir as contas do restaurantes, a não deixar que abrissem mais as portas do carro para elas, a ver os métodos para evitar a gravidez como o pó de pirlimpimpim que as faria se aventurar irresponsavelmente por aí, tendo relações casuais com qualquer um, a qualquer hora sem a dor de cabeça de pensar sobre isso no dia seguinte. Mas, sabem o que mais? Não há dor de cabeça porque sequer há cabeça na criatura!
Percebam, mulheres, quem perde nesse jogo são vocês! O aumento do contágio com doenças sexualmente transmissíveis, o número que só cresce de crianças ''sem pai'', as incontáveis meninas que foram ''largadas de barriga'', as mães/donas de casa/trabalhadoras que chegam em casa exaustas do trabalho e mal tem tempo de passar um tempo razoável com os filhos... "Coincidências" que só apareceram depois da emancipação feminina... Que coisa, não?
É tempo de retirar o romantismo da gaveta, desempoeirar-lhe a fronte e abrir a janela para que ele saia voando por aí, livre! Contagiando os corações endurecidos pelo tempo...
"Eis agora aqui, disse o homem, o osso de meus ossos e a carne de minha carne"
A primeira declaração de amor que o universo ouviu.
Deixando de lado a questão de que o romantismo no fundo teve origem no paganismo, pois tentava colocar a mulher acima de Deus, como objeto central do amor....
ResponderExcluirO texto ficou bom...como sempre.
Gostei, mas não concordo em sua totalidade. De fato, o romantismo tem se tornado algo deplorável nos dias de hoje, se é que nos é permitido falar de romantismo na contemporaneidade. Contudo, isso não é culpa da emancipação feminina, mas de uma desordem social. Pois, tal emancipação, trouxe para as mulheres muitas coisas positivas, como a liberdade de poder escolher seu pretendente, voz política, não ser tida como inferior ao homem, ter acesso aos níveis mais altos de estudo, mestrado e doutorado. Enfim, não convém confundir desordem social e sexual com a emancipação da mulher.
ResponderExcluirDigamos que as feministas tinham sim, razões, mas não tinham razão. Havia outra forma de resolver a situação machista daquela época. É claro que é muito bom poder votar, escolher o pretendente e todas as coisas ótimas que você falou. Mas, ao invés de lutar pela igualdade de direitos - o que é sim muito válido - o movimento feminista quis, com a emancipação da mulher, emancipá-la também de sua feminilidade, buscando uma igualdade de gênero louca.
ResponderExcluirPerfectum, Barbie!
ResponderExcluirTexto Maravilhoso!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEm relação a emancipação feminina ainda é impregnado com a noção de feminismo. A mulher só adquiriu a condição de igualdade com o homem com o advento do cristianismo. Não era vedado a mulher ir à universidade, mas preferiam estar próximo ao seu marido e cuidar dos filhos. Um exemplo da igualdade das mulheres foi Santa Catarina de Sena que era muito admirada no século XIV, dava conselhos a magistrados, doutores, bispos, chegando até mesmo o papa falar "Esta mulher nos envergonha à todos nós..., a coragem e a determinação daquela brava mulher". em relação ao voto, os sistemas políticos eram majoritariamente monarquias, sem participação popular de qualquer gênero e nas democracias do século XIX só os ricos votavam, inclusive a mulher se era viúva e tinha herdado propriedades. Foi o feminismo, o socialismo e a revolução francesa destruíram o mundo convencendo as pessoas com três palavras: "Igualdade, Liberdade e Fraternidade".
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