quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A oração vocal



As palavras na oração não são discursos, mas gravetos que alimentam o fogo do amor.
(CIC 2.717)


A oração vocal

    Depois de um longo período sem postagens, continuaremos a sequência já iniciada a respeito do plano de vida. Na última postagem falamos sobre a oração mental e a meditação. Entretanto, essas não são as únicas formas de orar. Trataremos hoje da oração vocal, que é falar com Deus utilizando-se de textos já existentes, como os Salmos, o Santo Rosário, as orações e os cânticos litúrgicos, bem como outros hinos, poemas e cânticos religiosos, além das orações escritas pelos santos.
    Nosso Senhor fazia oração mental quando se recolhia para conversar a sós com o Pai(Lc 6, 12), mas também fazia  oração vocal: rezava os salmos com devoção e também as orações judaicas tradicionais quando participava do culto na sinagoga (Mc 6, 2), das festas do Templo (Jo 7,1 ss.), ou seguia todo o cerimonial litúrgico, as preces e cantos prescritos na celebração da Páscoa judaica (Mt 26,30).
    Devemos, pois, imitá-lo. Se Ele fazia tanto a oração mental como a oração vocal, porque nós não nos esforçaríamos por fazer  o mesmo? Será que não precisamos? Duvido muito. 
O próprio Senhor nos ensinou a mais alta oração vocal que há: o Pai-nosso(Mt 6, 9-13). Não restam dúvidas de que a utilização de orações prontas também é agradável a Deus.
    Há quem diga, ainda assim, que rezar com orações prontas é chato, é multiplicar palavras inúteis... enfim. Preferem utilizar-se apenas da oração mental que é espontânea, aquela na qual vamos falando o que vem ao coração. Isso não seria limitar demais a vida de oração? Penso que sim. Se queremos ser almas enamoradas de Cristo, devemos fazer como os namorados quando se querem muito: se lhes falta criatividade ou capacidade para expressar em palavras o que gostariam de dizer, procuram poemas escritos por outros e ofertam ao amado. 
    Falar o que vem ao coração é bom, mas não nos esqueçamos que é do coração que procedem más inclinações, assassínios, adultérios, prostituições, roubos, falsos testemunhos e difamações (Mt 15, 19). Muitas vezes o coração está árido e nesses momentos pode ser que não saia espontaneamente algo de muito proveitoso. A oração vocal é também uma ajuda oportuna à oração mental, pois vai semeando no coração bons pensamentos, tesouros de palavras, sentimentos e desejos que nosso coração não poderia inventar sozinho. Conforme formos fazendo oração vocal e leitura espiritual(falaremos disso depois!) mais nossa oração espontânea irá se aperfeiçoando.


Os dois perigos

A displicência
Displicente na oração vocal é todo aquele que a encara com relaxamento, descaso, fazendo-a de qualquer maneira. O displicente reza mecanicamente, sem se esforçar por compreender o que está dizendo.
Devagar. - Repara no que dizes, quem o diz e a quem. - Porque esse falar às pressas, sem lugar para a reflexão, é ruído, chacoalhar de latas.
E te direi, com Santa Teresa, que a isso não chamo oração, por muito que mexas os lábios.
(São Josemaria Escrivá, Caminho, 85)

O perfeccionismo
Ao contrário do displicente, o perfeccionista põe muito empenho em compreender o que diz na oração. Entretanto, tem uma ideia de que se não conseguir colocar absolutamente toda a consciência, atenção e sentimento em cada sílaba, talvez fosse melhor não rezar. Afinal, para o perfeccionista, a menor distração já é ocasião para pensar que talvez fosse melhor nem rezar, já que reza tão mal e parece fazer ''oração de papagaio'', só repetindo, repetindo. Não, não é assim que Deus nos olha! Esse perfeccionismo na oração poderia até beirar um certo escrúpulo excessivo. Por exemplo, se a pessoa reza o terço e se distrai durante uma ave-maria, torna a rezá-la do começo para deixar o terço tinindo, mesmo que pra isso leve bastante tempo.Devemos ser simples como as crianças, se queremos entrar no reino de Deus(Mt 18,3). Vejamos atentamente o que diz São Josemaria:

Sei que te distrais na oração. - Procura evitar as distrações, mas não te preocupes se, apesar de tudo, continuas distraído.
Não vês como, na vida natural, até as crianças mais sossegadas se entretêm e divertem com o que as rodeia, sem atender muitas vezes às palavras de seu pai? - Isso não implica falta de amor nem de respeito; é a miséria e pequenez própria do filho.
Pois olha: tu és uma criança diante de Deus.
(
(São Josemaria Escrivá, Caminho, 890)

Tendo visto o quanto é boa e agradável a Deus, esforcemo-nos por praticarmos também esta bela forma de oração. Se nos distraimos, peçamos perdão, retomemos e sigamos adiante! Mais vale a boa vontade que a eloquência aos olhos de Deus.

Um comentário:

  1. Oi Bárbara, muito bonito o seu blog. Desejo a você e à toda a sua família um Feliz e Santo Natal. Beijos, Flor Martha
    http://vida-em-sociedade.blogspot.com.br/

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