sábado, 8 de setembro de 2012

A oração mental e a Meditação

Não sabes orar? - Põe-te na presença de Deus, e logo que começares a dizer: “Senhor, não sei fazer oração!...”, podes ter certeza de que começaste a fazê-la.

São Josemaria Escrivá, Caminho, 90


Podemos orar de diversas formas. Utilizando orações que já existem, como os Salmos, cânticos litúrgicos,  o Santo Rosário... À este tipo de oração, chamamos Oração vocal(por mais que seja feita em silêncio). Aprofundaremos mais nela mais tarde. Entretanto, é também necessário um momento de diálogo espontâneo com Deus. Reservado só para ele. Podemos falar-Lhe de nossas angústias, descobertas, dúvidas, medos e tantas outras coisas.

A oração mental

Escreveste-me: “Orar é falar com Deus. Mas de quê?” - De quê? DEle e de ti: alegrias, tristezas, êxitos e fracassos, ambições nobres, preocupações diárias..., fraquezas!; e ações de graças e pedidos; e Amor e desagravo.

Em duas palavras: conhecê-Lo e conhecer-te - ganhar intimidade!

São Josemaria Escrivá, Caminho, 91


Precisamos fazer crescer a nossa amizade com Cristo. Como ficamos cada vez mais amigos das pessoas? Através do conhecimento mútuo, que só pode ser alcançado através do diálogo. Entendamos bem: A oração não é um monólogo. É conversa! Temos que falar, mas também escutar. Deus fala do jeito dele, no silêncio do nosso coração. Indicando para nós pontos onde devemos melhorar, aquela pessoa a quem deveríamos ter perdoado, aquele dever que estamos adiando...

A oração mental, a meu ver, é apenas um relacionamento íntimo de amizade em que conversamos muitas vezes a sós com esse Deus por quem nos sabemos amados
Santa Teresa d'Ávila


Não se deve fazer a oração, quando ''dá tempo''. Não podemos deixar para o Senhor as sobras do nosso horário! Ele merece que lhe dediquemos um momento reservado do nosso dia. Uma recomendação grandiosa é esta: determine um tempo específico para orar. Para começar, eu sugeriria 10 minutos diários. Quem não tem 10 minutos? Com o passar do tempo, podemos tentar aumentar para 15 minutos e assim irmos progredindo mais a cada vez. Quem sabe, 15 minutos de manhã e 15 a tarde?

 A escolha do tempo e da duração da oração mental depende de uma vontade determinada, reveladora dos segredos do coração. Não fazemos oração quando temos tempo: reservamos um tempo para sermos do Senhor, com a firme determinação de, durante o caminho, não o tomarmos de volta enquanto caminhamos, quaisquer que sejam as provações e a aridez do encontro. Nem sempre se pode meditar, mas sempre se pode estar em oração, independentemente das condições de saúde, trabalho ou afetividade. O coração é o lugar da busca e do encontro, na pobreza e na fé.
Catecismo da Igreja Católica, 2710


Quando fores orar, que seja este um firme propósito: não ficar mais tempo por consolação, nem menos por aridez.
São Josemaria Escriva, Caminho, 99

Um outro ponto importante é a questão do local. Você pode orar em seu quarto com a porta fechada(Mt 6, 6), numa igreja, num lugar bonito... A escolha é sua. O ideal é que seja um lugar silencioso e que não dificulte a sua concentração. Já é difícil mantermos a atenção e silenciarmos a mente, imagine num lugar em que venhamos a ficar olhando para os lados a todo momento!


A meditação



A meditação é sobretudo uma procura. O espírito procura compreender o porquê e o como da vida cristã, a fim de aderir e responder ao que o Senhor pede. Para tanto, é indispensável uma atenção difícil de ser disciplinada. Geralmente, utiliza-se um livro, e os cristãos dispõem de muitos: as Sagradas Escrituras, especialmente o Evangelho, as imagens sacras, os textos litúrgicos do dia ou do tempo, os escritos dos Padres espirituais, as obras de espiritualidade, o grande livro da criação e o da história, a página do "Hoje" de Deus.

 Meditando no que lê, o leitor se apropria do conteúdo lido, confrontando-o consigo mesmo. Neste particular, outro livro está aberto: o da vida. Passamos dos pensamentos à realidade. Conduzidos pela humildade e pela fé, descobrimos os movimentos que agitam o coração e podemos discerni-los. Trata-se de fazer a verdade para se chegar à luz: "Senhor, que queres que eu faça?"
Catecismo da Igreja Católica, 2705 e 2706

Isso tudo também pode ser feito na oração mental. na verdade, em muitíssimos momentos a oração mental e a meditação se fundem e ficam muito unidas. Não podemos esquecer, porém, que são coisas diferentes. Pode haver oração mental sem ou quase sem meditação, como a da pessoa que passa todo o tempo de oração apenas dirigindo a Jesus  olhares enamorados e frases de amor como "Jesus, como eu Vos amo!".


"Et in meditatione mea exardescit ignis". - E na minha meditação se ateia o fogo. - Para isso vais à oração: para tornar-te uma fogueira, lume vivo, que dê calor e luz.


Por isso, quando não souberes ir mais longe, quando sentires que te apagas, se não puderes lançar ao fogo troncos aromáticos, lança os ramos e a folhagem de pequenas orações vocais, de jaculatórias, que continuem a alimentar a fogueira. - E terás aproveitado o tempo.

São Josemaria Escrivá, Caminho, 92

Existem muitos bons livros que nos ajudam e conduzem a meditação. Os meus preferidos são Caminho, de São Josemaria Escrivá e a Imitação de Cristo, de Tomás de Kempis. As vezes pode bastar mesmo uma frase para nos ajudar e servir de impulso para quando nos faltar o assunto com Jesus.
Uma outra sugestão que eu gostaria de deixar é a de fazermos um ato de presença de Deus antes da oração. No livro Seleta de orações há uma sugestão que considero muito válida. Consiste em dizer, ao início, "(Pelo sinal da santa cruz, livrai-nos, Deus, nosso Senhor, dos nossos inimigos)Meu Senhor e meu Deus, creio firmemente que estás aqui, que me vês, que me ouves. Adoro-Te com profunda reverência. Peço-Te perdão dos meus pecados e graça para fazer com fruto este tempo de oração. Minha Mãe Imaculada, São José, meu Pai e Senhor, meu Anjo da Guarda, intercedei por mim." Para finalizar a oração, também é interessante dizer algo como  "Dou-Te graças, meu Deus, pelos bons propósitos, afetos e inspirações que me comunicaste nesta meditação; peço-Te ajuda para os pôr em prática. Minha Mãe Imaculada, São José, meu Pai e Senhor, meu Anjo da Guarda, intercedei por mim.”(Também da Seleta de orações).
Vale também repetir o ato de presença de Deus durante a oração, se sentirmos necessidade. As vezes somos que nem conexão discada, quando cai, precisamos conectar de novo, e de novo...
A oração é sempre fecunda. Não devemos ficar esperando consolações sensíveis, sinais extraordinários, respostas miraculosas de Deus. Tudo o que era para ser dito por Ele, já o foi. O Verbo já nos foi dado! Que resposta mais podemos querer?
Em tempo, um último conselho: procure terminar sempre a oração com um propósito firme e concreto. Por exemplo, ao invés de decidir-se por ''ser mais ordenada'', estabeleça algo objetivo como, ''não deixar o armário bagunçado''.

"Quem reza se salva. Quem não reza se condena"
Santo Afonso Maria de Ligório

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