sábado, 26 de maio de 2012

A Boa Nova do Sexo e do Casamento 1


Retirado da apostila do II Curso para Agentes do setor pré-matrimonial da Pastoral Familiar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. Tradução livre e resumida do livro Good News About Sex and Marriage – Answers to Your Honest Questions About Catholic Teaching, de Christopher West, por Tatiana de Melo. Só pode ser utilizado mencionando-se as fontes e sua cópia não pode ser usada para fins lucrativos.

SÓ PODE SER UTILIZADO MENCIONANDO-SE AS FONTES E SUA CÓPIA NÃO PODE SER USADA PARA FINS LUCRATIVOS. 



Introdução 

O homem não vive sem amor. Ele continua um ser incompreensível a si mesmo, sua vida é sem sentido se o amor não lhe for revelado, se ele não encontrar o amor, se não experimentá-lo, se não tomá-lo para si, se não participar intimamente dele. É por isso que Cristo, o Redentor, “revela plenamente o homem a si mesmo”. 
(Redemptoris Hominis, 10) 


Quando meus hormônios começaram a fervilhar, simplesmente tudo o que eu havia aprendido sobre pureza saiu pela janela. Comecei a ouvir histórias sobre conquistas sexuais sem me dar conta que por trás de cada uma delas havia uma mulher usada e descartada. Também eu vivia na promiscuidade. Pensava: “Nunca estuprei ninguém...”, mas... será que minhas atitudes para com as mulheres com quem me relacionava eram tão mais dignas? 

Eu me indignava com Deus: “O Senhor me deu esses hormônios. Eles só nos dão problemas!”. Essa era, na verdade, uma oração atrapalhada para descobrir a verdade sobre o sexo. Conhecendo os escritos de João Paulo II, descobri uma proposta bem diferente do que a maioria das pessoas julga como ensinamentos arbitrários e antiquados. Conheci uma nova revolução sexual que encontra a verdadeira satisfação dos desejos que todos nós temos: amar e sermos amados. Quando seus escritos receberem o devido reconhecimento que merecem, nosso mundo verá a restauração do matrimônio e da família e a construção de uma verdadeira cultura pela vida. 



O Grande Mistério 
Lançando as fundações 

O “grande mistério”, que é a Igreja e a humanidade em Cristo, não existe dissociado do grande mistério expresso na realidade de “uma só carne” do matrimônio e da família. 
(Carta às Famílias, 19) 

A verdade sobre o amor é sempre desafiadora. Quando procuramos o verdadeiro sentido da sexualidade, encontramos a nossa própria essência enquanto homens e mulheres. Encontramos nossos desejos e aspirações mais profundas e, ao mesmo tempo, nossos maiores medos, dores, egoísmos e pecados. Aqui reside o grande desafio: precisamos encarar a realidade da nossa humanidade – com seu lado bom e mau – se quisermos descobrir a verdade sobre a nossa sexualidade. Inevitavelmente, encontraremos também a Cruz, pois foi por ela que Cristo nos mostrou a verdade sobre o amor, nos revelou o sentido da vida. 

O centro da moral sexual se refere ao modo como expressamos o amor de Deus por meio do nosso corpo. Ao vivermos de acordo com a nossa sexualidade preenchemos de sentido a nossa existência. Divergências sobre a moral sexual não são meras disputas sobre diferentes perspectivas éticas, diferentes interpretações das Escrituras, autoridade eclesiástica versus consciência pessoal. Não. Sua raiz está nas disputas sobre o que venha a ser, de fato, o sentido da vida! 

O amor verdadeiro é possível. Enquanto a opinião popular sustenta que a perspectiva cristã sobre o sexo é negativa, o que descobrimos ao refletir nas Sagradas Escrituras sobre o plano original de Deus a respeito do sexo é muito mais surpreendente do qualquer ser humano poderia imaginar. É literalmente “in-crível”, isto é, inacreditável. Só pela fé se chega a este “grande mistério”. 



O PAPEL CENTRAL DA SEXUALIDADE NOS PLANOS DE DEUS 

Sexo não é um assunto periférico. Como João Paulo II se referia, a vocação ao amor esponsal é revelada através da nossa sexualidade, o componente fundamental da existência humana no mundo. A Bíblia é, do início ao fim, a história de uma casamento. Começa com a união de Adão e Eva (cf. Gen 1, 26-28) e termina com as núpcias do Cordeiro (cf. Ap 19, 7-9). A partir das próprias analogias bíblicas, podemos afirmar que Deus quer se casar com a humanidade (cf. Os 2,19). 

Deus quis nos revelar seu plano de amor de uma forma inegável e por isso deixou gravada em nós essa imagem amorosa no âmago do nosso ser homem e mulher. Isso significa que tudo o que Deus quer nos dizer sobre quem ele é, quem nós somos, o sentido da vida, as razões pelas quais fomos criados, vivemos e morremos encerra-se na verdade sobre a sexualidade e o casamento. 


MASCULINO E FEMININO: IMAGEM DA TRINDADE 

Ao nos criar, Deus nos fez a sua imagem e semelhança e nos fez homem e mulher (cf. Gen 1,27). Isso indica que a complementaridade entre os sexos espelha Deus, ou seja, torna visível, o mistério invisível do amor de Deus. 

Somos chamados a amar como Deus amou, vivendo em comunhão de pessoas, como a Santíssima Trindade. E isso se realiza plenamente no ser masculino e feminino. O homem é predisposto a se tornar um dom para a mulher. E a mulher (até mesmo fisicamente) é predisposta a receber esse dom e dar-se em retorno ao homem. O amor entre eles é tão real e profundo que pode dar origem a outro ser humano. 

Assim sendo, a relação sexual nos faz participar da vida e do amor de Deus. Vejam bem, isto não significa que Deus seja sexuado, já que é puro espírito. Essa analogia, embora limitada, nos ajuda a entender que Deus colocou em nós o desejo de amar e ser amado. O sexo é tão bonito e glorioso que existe para expressar o amor gratuito, total, fiel e fecundo de Deus, também conhecido como... matrimônio! 

Sim, o sexo é a expressão do compromisso matrimonial. É quando as palavras pronunciadas na cerimônia do casamento se fazem carne. Aos pés do altar, os noivos se recebem de forma gratuita, total, fiel e fecunda. E na noite de núpcias concretizam, completam, selam, perfazem e renovam o que falaram. 


MATRIMÔNIO: O SACRAMENTO DE CRISTO E DA IGREJA 

Os esposos são imagem do amor trinitário e também do amor de Deus pela humanidade que se tornou visível no amor de Cristo pela sua Igreja. Em virtude do Batismo, o casamento entre os cristãos é um sacramento. São Paulo diz que é um grande mistério e se refere ao amor de Cristo pela Igreja (cf. Ef 5, 31-32). Cristo deu seu corpo à Igreja para se tornar com ela ‘uma só carne’. 

Onde nos tornamos uma só carne com Cristo? Mais especificamente na Eucaristia. A Eucaristia não é obviamente um ‘encontro sexual’, mas analogamente é a consumação sacramental do misterioso casamento entre Cristo e a Igreja. De todas as formas que Deus usa para revelar sua vida e seu amor ao criar o mundo, diz João Paulo II que o matrimônio – celebrado e consumado pela união sexual – é a mais fundamental. 

A nossa sexualidade poderia ser mais importante, mais bonita e gloriosa?! Deus nos deu o desejo sexual como um instrumento para aprendermos a amar como ele ama, para participarmos da sua vida divina e alcançarmos o sentido da nossa existência. 

Tudo isso é lindo, mas está muito longe do papel que o sexo vem tendo na vida real dos seres humanos. Sim, há um abismo histórico entre o que o sexo originalmente é, e o no que ele se transformou. A exploração das mulheres, os horrores do estupro e da pedofilia... Tudo consequências da tragédia do pecado.

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