quinta-feira, 31 de maio de 2012

A Boa Nova do Sexo e do casamento 6



Retirado da apostila do II Curso para Agentes do setor pré-matrimonial da Pastoral Familiar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. Tradução livre e resumida do livro Good News About Sex and Marriage – Answers to Your Honest Questions About Catholic Teaching, de Christopher West, por Tatiana de Melo. 
Só pode ser utilizado mencionando-se as fontes e sua cópia não pode ser usada para fins lucrativos.


Eu não aceito
Contracepção

Eu chamo hoje por testemunhas o céu e a terra, como eu vos propus a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe, pois, a vida, para que vivas tu e a tua posteridade.

(Deut 30, 19)


Sem dúvida, a questão mais difícil que os fiéis católicos têm a resolver quanto à doutrina moral da Igreja é a contracepção. Quem hoje se casa querendo ter quinze, vinte filhos? Mesmo quem conhece um pouco o assunto pode tentar se esquivar alegando: “Afinal, qual é a diferença entre contracepção e planejamento natural da família se ambos servem para evitar a gravidez?”

Um dos distintivos de quem é realmente católico é aceitar e professar tudo o que a Igreja acredita e professa. Esta é uma opção dramática e decisiva que muda toda uma vida. Vemos – como na passagem acima – as forças do bem e do mal lutando: é uma questão de vida ou morte.

Este também é o grande distintivo entre o Catolicismo e a cultura popular. Enquanto a sociedade diz que a contracepção é a atitude mais responsável a se tomar para o bem das próprias famílias e o futuro da sociedade, a Igreja se levanta como “a voz que clama no deserto” dizendo que esta é uma atitude sempre errada e altamente destrutiva para as famílias e a sociedade.

Oremos: Senhor, ajudai-me a abrir meu coração para toda a Verdade do seu plano de amor para o sexo e o casamento. Não permitais que me cegue o orgulho, nem meus desejos para que eu possa viver nesta Verdade. Se a contracepção é, de fato, contra a vossa vontade, dai-me a graça de aceitá-la e a todas as implicações que isto terá em minha vida. Amém.


1. O que, afinal, há de tão errado com os métodos anticoncepcionais?

Um dos consentimentos que os noivos proferem na celebração do matrimônio, uma das promessas que fazem um ao outro e a Deus é a abertura à geração e educação dos filhos que Deus lhes conceder. Fazer uso da contracepção é ser infiel a esta promessa. Se o casal exclue esta parte do consentimento na sua vida conjugal, eles estão re-inventando o casamento à sua moda.

Lembre-se de que o matrimônio é tudo ou nada. Além de ter como característica intrínseca a fecundidade, ele também é a união livre, total, fiel.

Livre - A verdade é que a contracepção não foi inventada para evitar a gravidez. Ela foi inventada para alimentar a luxúria. A “liberdade sexual”, popularmente falando, é a possibilidade de poder fazer sexo sempre. É nunca poder dizer “não”... Isso parece mais com liberdade ou escravidão? Só quem sabe abster-se é capaz de escolher livremente quando dizer “sim” e “não”.

Total – A relação sexual contraceptiva diz – na sua linguagem corporal – ao outro: “Eu me entrego totalmente a você... menos a minha fertilidade!”. Mais uma contradição à promessa do consentimento matrimonial.

Fiel – Ser fiel ao seu cônjuge não é apenas evitar o adultério, mas é viver de acordo com as promessas feitas aos pés do altar, mesmo que isso requeira sacrifícios. Usar métodos contraceptivos deliberadamente é dizer: “Nós não queremos o Espírito Santo aqui!”. Quem é o Espírito Santo? “O Senhor que dá a Vida.” (cf. Credo Niceno-Constantinopolitano). É o amor entre o Pai e o Filho.

Ora, se o sexo simboliza a união de Cristo com sua Igreja. Assim, o marido representa o Cristo que diz: “Este é o meu corpo entregue por vós.” (Lc 22, 9). Numa relação contraceptiva o que o corpo diz é: “Este é o meu corpo que não é entregue por vós.”. Neste sentido ele age como um “anti-Cristo”. Portanto, contra-cepção é total contra-dição.


2. Isso significa que um casal que usa métodos anticoncepcionais não se ama?

Eles podem se amar com sentimento, emoção, mas nunca com o verdadeiro amor. Se eu acredito na Palavra de Deus que me ensina: “Deus é amor.” (I Jo 4, 7), então o amor não é o que eu gostaria que ele fosse. Ele é viver como Deus, ser uma imitação da sua Imagem, ou seja, ser como Cristo. E viver uma relação contraceptiva só me afasta do verdadeiro amor.


3. Fala sério! Então eu tenho que ter uma dúzia de filhos ou, então, não fazer sexo até minha mulher chegar na menopausa?!

Se um casal está determinado a manter-se fiel à doação total de si, sendo o sexo a renovação das promessas assumidas no dia do matrimônio, uma das exigências é a abertura à vida. Muitos donos esterilizam seus animas de estimação, porque os animais não sabem controlar seus instintos. Nós, sim.

A mulher só é fértil alguns dias dentro do mês. É errado que o casal que têm justos motivos para adiar a gravidez mantenha relações sexuais quando a mulher não está em seu período fértil? Claro que não. A ausência da gravidez seria uma expressão da vontade de Deus em não mandar ainda uma nova vida para este mundo e não porque o casal, por sua própria conta, usou meios para se esterilizar.

Este é o princípio do Planejamento Natural da Família.


4. Ainda não entendi. Qual é a diferença entre contracepção e planejamento natural da família se os dois vão evitar a gravidez?

O método natural de planejamento familiar não é contracepção disfarçada. Pensemos em algumas analogias para entendermos que não é apenas uma questão de intenção, mas de meio presentes usados para se alcançarem os objetivos futuros. Dois alunos têm a intenção de tirar nota boa na prova de matemática; um estuda e o outro cola. Qual dos dois está certo? Qual é a diferença entre aborto provocado e aborto espontâneo? Qual é a diferença entre suicídio e morte natural? É a mesma diferença entre eu me tornar deliberadamente estéril e Deus me dar períodos de infertilidade, dentro do seu plano criador. O poder da vida está nas mãos de quem: nas minhas ou nas de Deus?


5. Já que o sexo é tão sagrado, abster-se no matrimônio não pior do que fazer “sexo seguro”?

Bom, antes de mais nada, vale comentar a lamentável expressão “sexo seguro” que revela a necessidade de erguer uma barreira protetora porque o outro é uma ameaça para você. Não é possível separar seu cônjuge da sua fertilidade. O corpo é a expressão da pessoa na totalidade. Ao se expressarem através do ato sexual eles devem “falar” a verdade. Se há uma razão para não “falar” o que é mais honesto e correto: ficar em silêncio ou dizer uma mentira?

Quando um casal concorda em se abster do sexo para se manterem fiéis ao compromisso conjugal, isso só fortalece sua união e aprimora o auto-controle. Quem sabe dizer “não” em seu casamento não terá problemas em dizer “não” quando se depara com uma tentação fora dele. Não é por acaso que a taxa de divórcio entre os casais usuários do Método de Planejamento Natural da Família é nula.


6. Qual é a diferença entre métodos naturais e artificiais?

Ao contrário do que muita gente pensa, a Igreja não faz oposição entre “natural” e “artificial”. A Igreja é contra a contracepção, ou seja, os meios usados para se impedir o potencial procriativo do ato sexual. Existem formas artificiais químicas (pílula, injeção, adesivo e gel anticoncepcionais), mecânicas (diafragma, dispositivo intra-uterino, preservativo masculino e feminino), cirúrgicas (laqueadura de trompas, vasectomia) e “naturais” (coito interrompido). A Igreja não orienta para o Planejamento Natural da Família porque ele é natural, mas porque ele não é contraceptivo.


7. A Igreja inventa desculpas para embarreirar o progresso da ciência. Se Deus nos deu inteligência para controlarmos nossa fertilidade por que não podemos usá-la nesse fim?

Afirma o papa Paulo VI na Humane Vitae (16): “a Igreja é a primeira a elogiar e a recomendar a intervenção da inteligência, numa obra que tão de perto associa a criatura racional com o seu Criador; mas, afirma também que isso se deve fazer respeitando sempre a ordem estabelecida por Deus.” Usar nossa inteligência para irmos contra o plano de Deus não parece muito... inteligente.

Todos nós concordamos que a medicina deve fazer o nosso corpo trabalhar mais e melhor. Por exemplo, se a ciência consegue desenvolver meios para fazer uma pessoa cega enxergar, isso é maravilhoso. Mas não seria uma violência usar de tecnologia para cegar alguém que enxerga perfeitamente? É isso que a contracepção faz. Ela faz o corpo funcionar mal. Nós tomamos remédio quando estamos doentes. Amputamos alguma parte do nosso corpo quando ela está necrosada. Não é um abuso que a mulher em perfeito estado de saúde tome uma pílula ou mutile parte do seu corpo para deixar de ser fértil? Fertilidade não é doença que precise de tratamento.

Muitas vezes nós é que não queremos enxergar esta verdade porque ela traria uma grande mudança no nosso estilo de vida e uma transformação radical no nosso modo de ver a vida. Não há o que temer. Deus não é um tirano. Ele é amor! Entregue a ele sua sexualidade.


8. Onde está escrito na Bíblia é pecado usar métodos anticoncepcionais?

Onde está escrito na Bíblia que é pecado estraçalhar a mão do seu próximo num liquidificador? Em lugar nenhum. Mas está escrito que devemos amar o próximo como a nós mesmos. Pessoas sensatas concluirão que é pecado, então, transformar a mão do meu próximo em “vitamina”.

Na Bíblia não está escrito: “Não usarás métodos anticoncepcionais.”, mas está escrito “Crescei e multiplicai” (Gen 1, 28). Está escrito que Deus acabou com a vida de Onan porque ele impedia que sua mulher concebesse, o que era atitude “detestável” (cf. Gen 38, 9-10). Jesus ensinou que o homem não pode separar o que Deus uniu (cf. Mt 19, 6). A contracepção diz: “Nós não queremos receber o amor de Deus. Nós não queremos amar como Deus ama. Nós não escolhemos a vida.”. Isso é bíblico?


9. Quais seriam, então, motivos justos para um casal usar o Planejamento Natural da Família para adiar uma gravidez?

É preciso perceber a disposição que um casal tem em relação aos filhos. A cultura contraceptiva tende a ver os filhos como um fardo a ser evitado e não um dom a ser acolhido; um obstáculo ao crescimento financeiro e não uma colaboração para a família. Nesta realidade, os casais entram no casamento com a mentalidade de terem filhos se e quando quiserem. Quem pensa assim e busca os meios mais eficazes para atingir seus objetivos não vê mesmo com bons olhos o planejamento natural da família. Mas essa mentalidade negativista em relação aos filhos é totalmente contrária aos votos matrimoniais.

Assim, em primeiro lugar, é preciso uma profunda e real conversão do coração. Todo casal é vocacionado a “crescer e multiplicar” (cf. Gen 1, 28). Especialmente nos dias de hoje, a Igreja prontamente reconhece que muitos casais têm, de fato, motivos para não receberem os filhos em certos momentos da sua vida conjugal. O Concílio Vaticano II é uma luz neste sentido: “Assim, os esposos cristãos, confiados na divina Providência e cultivando o espírito de sacrifício, dão glória ao Criador e caminham para a perfeição em Cristo quando se desempenham do seu dever de procriar com responsabilidade generosa, humana e cristã. Entre os esposos que deste modo satisfazem à missão que Deus lhes confiou, devem ser especialmente lembrados aqueles que, de comum acordo e com prudência, aceitam com grandeza de ânimo educar uma prole numerosa.” (Gaudium et Spes, 50). O Catecismo também diz que é responsabilidade dos pais “... verificar que o seu desejo (de regular os nascimentos) não provém do egoísmo, mas está de acordo com ajusta generosidade de uma paternidade responsável. Além disso, regularão seu comportamento segundo os critérios objetivos da moral.” (CCE, 2368).


10. Nós já temos quatro filhos. Eu não quero engravidar de novo. Eu e meu marido decidimos que a pílula é o melhor método. Se a Igreja ama mesmo as famílias ela não deveria nos deixar com sentimento de culpa, porque temos o direito fazer esta escolha.

É preciso alertar que só há três meios 100% eficazes para que você não engravide novamente: abstinência sexual até que você atinja a menopausa, a retirada completa dos seus ovários ou a retirada dos testículos do seu marido.

Imagine que sua filha de 15 anos quer ir sozinha a uma festa na qual você sabe que haverá bebida, drogas e orgias sexuais. Você certamente orientaria para que sua filha não fosse, ainda que ela não percebesse nessa atitude sua uma prova de amor. Sua filha poderia reclamar: “Se você me amasse de verdade, me deixaria decidir por mim mesma.”. Como mãe você percebe coisas que sua filha não é capaz de ver por imaturidade, influências dos amigos ou falta de informação. Independentemente do que ela “acha” esta festa não é um bom lugar para ela.

De modo semelhante, todos os batizados são filhos e filhas da Igreja. E mesmo como adultos nem sempre sabemos o que é melhor para nós e precisamos de orientação. E a Igreja sabe que o caminho certo para nós é estreito (cf. Mt 7, 13-14). Mas no fim das contas, a decisão do que fazer é de cada um. “Este caminho, que a Igreja aprendeu na escola de Cristo e da história interpretada à luz do Espírito, não o impõe, mas sente a exigência indeclinável de o propor a todos sem medo, com grande confiança e esperança, sabendo, porém, que a “boa nova” conhece a linguagem da Cruz. É, no entanto, através da Cruz que a família pode atingir a plenitude do seu ser e a perfeição do seu amor.” (Familiaris Consortio, 86)


11. Em questão de controle de natalidade, a Igreja está fora da realidade. Por que nenhuma outra Igreja ensina do mesmo jeito? A Igreja não acaba perdendo sua credibilidade?

A contracepção não é algo novo. Desde o princípio, uma das características que distinguia os cristãos das demais culturas era a recusa em diminuir sua fertilidade usando os métodos conhecidos antigamente, como poções ou preservativos de tecido. Até 1930, todas as denominações cristãs eram unanimemente contra os métodos anticoncepcionais.

Neste ano, porém, a Igreja Anglicana fez história por ser a primeira do Cristianismo a romper com este magistério. Na época, católicos, protestantes e até vozes não-cristãs previram que admitir a contracepção levaria ao caos social, começando com separações e divórcio. Muitos se surpreenderiam ao saber o que vários pensadores proeminentes do século XX falaram dos males da contracepção, entre eles Roosevelt, presidente americano, Freud, pai da psicanálise, Ghandi, pacifista americano, Elliot, escritor inglês, entre outros.

Homens e mulheres sábios(as) reconhecem que o sexo tem o poder de orientar e desorientar pessoas e sociedades inteiras. A contracepção, na verdade, encoraja a imoralidade indiscriminada. Analisemos o seguinte: somos sempre tentados a fazer o que não deveríamos. Impedimentos da natureza e da sociedade ajudam a manter a ordem. Imaginem o que aconteceria com as taxas de criminalidade se as prisões acabassem?

A mesma lógica pode ser aplicada ao comportamento sexual desvirtuado. Através dos tempos, muitas pessoas sentiram-se tentadas a cometer adultério. Um dos motivos fortes que as impedia era o medo de uma gravidez indesejada. Parece, assim, menos arriscado sucumbir à tentação. Conseqüência: cresce o adultério e com ele aumentam os casos de divórcio – que têm como causa principal o adultério.

Através dos tempos, muitas pessoas sentiram-se tentadas a manter relações sexuais antes do casamento. Mais uma vez, um dos motivos fortes que as impedia era o medo de uma gravidez indesejada. Conseqüência: crescem os casos de sexo antes do matrimônio e com eles aumentam os casos de divórcio, como já foi apontado no capítulo 4.

Como nenhum dos métodos anticoncepcionais é 100% eficaz e com incidências crescentes de adultério e sexo antes do casamento, aumentam os casos de “gravidez indesejada”. Conseqüência: crescem os casos de aborto ou de filhos criados sem pai, enfrentando as dificuldades materiais e psicológicas desta situação. Não é por acaso que para estes tipos de crianças e adolescentes são sempre maiores as taxas de doenças físicas e psicológicas, drogadição, evasão escolar, marginalidade, promiscuidade, etc. E aí temos o círculo vicioso da sociedade caótica.

No século XX as denominações protestantes, uma a uma, passaram de uma posição não só de admitir a contracepção, mas até de defendê-la. Apenas a Igreja Católica se manteve firme. Será que a Igreja está fora da realidade, ou é a realidade que está precisando acordar para a verdade?


12. A Igreja se esquece dos benefícios que os métodos anticoncepcionais trouxeram: a liberação da mulher, a igualdade entre os sexos, a possibilidade de um casal casado poder aproveitar mais o sexo sem se preocupar com a gravidez. O que há de errado nisso?

Vejamos cada um desses pontos.

Liberação da mulher – A opressão masculina esconde uma incapacidade que o homem tem de lidar com as mulheres de modo apropriado. Remover a possibilidade de gravidez só mascara a tendência masculina de usar a mulher para seu prazer próprio e depois descartá-la.

As primeiras líderes feministas como Elizabeth Cady Santon, Victoria Woodhall e Dra. Elizabeth Blackwell todas elas foram contra os métodos anticoncepcionais enxergando-os como uma forma de degradação ainda maior para a mulher por facilitarem a licenciosidade dos homens para paixões inconseqüentes. Mesmo feministas de tempos mais recentes, como Germaine Geer, estão tentando despertar as mulheres para os males da contracepção. Elas lamentam que, em vez de liberar a mulher, as tecnologias anticoncepcionais as transformaram em “gueixas” que põem em risco sua saúde e sua fertilidade para estarem sempre disponíveis para o sexo casual. Outras personalidades expoentes como o Papa Paulo VI e Ghandi também já haviam predito esse cenário.

Igualdade entre os sexos - Homens e mulheres devem ser iguais na sua dignidade. Mas é precisamente na nossa diferença sexual nossa complementaridade e identidade.

A contracepção faz a mulher deixar de ser aquilo que ela é, para querer torná-la “igual” ao homem, ou seja, ter relações sexuais e não engravidar. Será que ela não teria dignidade própria e precisaria de artifícios tecnológicos para ter mais valor? A contracepção rouba a característica que torna a mulher uma criatura única.

Aproveitar mais o sexo – Tecnicamente, um casal que usa métodos contraceptivos não faz, não quer e tem medo de sexo. Tem medo das exigências do amor. Os métodos anticoncepcionais não tiram o medo das pessoas. Só amor é capaz de fazer isso (cf. I Jo 4, 18). Só o amor é que nos faz aproveitar o sexo.

Tentar justificar a contracepção é como justificar o Holocausto nazista pelo fato de ter gerado muitos empregos. É possível gerar empregos de modos moralmente mais aceitáveis. Boas coisas podem realmente vir por meio do mal (cf. Rm 3, 8)?


13. A Igreja não se preocupa com o aumento do número de abortos se as mulheres correrem mais risco de terem uma gravidez indesejada?

O Papa João Paulo II, na Evangelium Vitae, 13, abordou esta questão, afirmando que: “... a contracepção, tornada segura e acessível a todos, é o remédio mais eficaz contra o aborto. E depois acusa-se a Igreja Católica de, na realidade, favorecer o aborto, porque continua obstinadamente a ensinar a ilicitude moral da contracepção. Bem vista, porém, a objeção é falaciosa. De fato, pode acontecer que muitos recorram aos contraceptivos com a intenção também de evitar depois a tentação do aborto. Mas os pseudo-valores inerentes à “mentalidade contraceptiva” — muito diversa do exercício responsável da paternidade e maternidade, atuada no respeito pela verdade plena do ato conjugal — são tais que tornam ainda mais forte essa tentação, na eventualidade de ser concebida uma vida não desejada.”

Dados estatísticos ao longo da história provam que em que cada país que foi aceitando a contracepção as taxas de aborto só aumentaram. A Suprema Corte americana declarou que a decisão inerente à contracepção e ao aborto é a mesma: “Não queremos um filho.”.

Os métodos anticoncepcionais deram a ilusão de que se pode ficar grávida “por acidente”. Essa é a afirmação mais esdrúxula. Se você teve relações sexuais e engravidou não significa que algo deu errado, mas, sim, que deu certo. Às vezes, até médicos perguntam: “Como isso foi acontecer?!”. Ora, será que os médicos esqueceram de onde vêm os bebês?

Se a gravidez é tida como uma doença, então a contracepção é medicina preventiva e o aborto é a cura. Isso sem mencionar que já está comprovado que o DIU (dispositivo intra-uterino) e as pílulas anticoncepcionais têm um mecanismo de “backup” quando ocorrer a fecundação “acidental” que é evitar a nidação, ou seja, a implantação do óvulo já fecundado (zigoto) no útero. Matar um zigoto, uma nova vida recém concebida é aborto. Para disfarçar esse efeito (e também justificar atrocidades como a manipulação genética de embriões), parte da comunidade médica tenta redefinir o momento em que começa a vida.


14. E se uma mulher precisa tomar pílula anticoncepcional por razões médicas? Ainda assim, seria errado?

A Humanae Vitae, 5 ensina: “A Igreja, por outro lado, não considera ilícito o recurso aos meios terapêuticos, verdadeiramente necessários para curar doenças do organismo, ainda que daí venha a resultar um impedimento, mesmo previsto, à procriação, desde que tal impedimento não seja, por motivo nenhum, querido diretamente.”

Uma mulher, por exemplo, que precisou retirar o útero porque tinha um câncer não tinha a intenção de ficar estéril. Como no caso da pílula, vimos que ela é um abortivo em potencial. Se não houver nenhum outro meio terapêutico disponível, o mais coerente é que o casal se abstenha das relações sexuais durante o período de tratamento para evitar o risco de aborto, ainda que indesejado, que a pílula possa trazer.


15. O Planejamento Natural da Família também não é 100% eficaz. Não persistiria a tentação de abortar no caso de uma gravidez indesejada?

A mentalidade de quem segue o planejamento natural da família é totalmente diferente da de quem usa métodos anticoncepcionais. Imagine que você enviou o convite do seu casamento, ainda que por consideração, a uma pessoa que você já esperava que não pudesse comparecer. Como você se sentiria se essa pessoa aparecesse de surpresa? Certamente, você ficaria feliz, afinal, foi você mesmo quem a convidou. É isso que acontece quando um casal que segue o planejamento natural família tem relações sexuais fora do período fértil. Se Deus, mudar de planos e quiser mandar uma nova vida ao mundo, então, cada pequeno sacrifício típico da paternidade e maternidade será uma continuação do “sim” tão feliz que foi assumido diante de Deus.


16. Os casais que usam o Planejamento Natural da Família devem ter muitas surpresas...

Uma estatística diz que “os métodos naturais” -- que engloba todas as técnicas de modo geral, como a chamada “tabelinha”, por exemplo, que já está ultrapassada -- constata uma eficácia de 80%. Mas este número precisa ser melhor analisado. Entre as pessoas que foram apropriadamente educadas para o uso dos métodos modernos de planejamento natural da família – como o método Billings -- esta taxa sobe para 99%.


19. Mas nós já usamos métodos anticoncepcionais há muito tempo. O que devemos fazer?

Primeiramente, procurem um sacerdote, conversem e recebam o sacramento da Reconciliação. Confiem na misericórdia divina. Peçam também perdão um ao outro porque não foram fiéis ao consentimento matrimonial. Depois, aprendam a usar o Método de Planejamento Natural da Família (oferecido inclusive pela nossa Arquidiocese). Se um dos dois foi esterilizado (pela laqueadura de trompas ou vasectomia), veja se é possível reverter esse estado. Caso não haja essa possibilidade, o casal pode se propor uma penitência sincera, como a abstinência do sexo durante alguns dias do mês que corresponderiam ao período fértil ou a dedicação a ensinar aos outros o Planejamento Natural da Família.

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Notado blog: Por motivo de discrição, algumas partes foram ocultadas do texto original.

3 comentários:

  1. Barbara, onde eu posso ver o texto na íntegra?
    Se puder mandar para meu e-mail, eu agradeceria:
    ninhacg@hotmail.com

    Obrigada

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  2. Gostei muito do seu blog. Essa discussão eu tive várias vezes com famíliares e amigos próximo a mim. Deus nos abenções.
    Estou a seguir-te no blog.
    Paz.

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  3. Dá-lhe texto completo (embora com "ocultações" de ordem pudica, imagino...) !
    Sobre esse papo de "sexo seguro" eu comentei algumas vezes perto do carnaval: a camisinha não protege a vida de uma moça que vá fazer sexo com um desconhecido. Ele pode ser um homicida. A camisinha não protege de assalto também. Não vejo qualquer "segurança" nesse pedaço de borracha.

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