quarta-feira, 11 de abril de 2012

A Abominação no Templo Santo

Não me seja condenação a palavra ouvida e não praticada, conhecida e não observada, ouvida e não guardada"(Imitação de Cristo, L. III, Cap. II. 3).


A Abominação no Templo Santo




“Três inimigos porfiam nesta tentativa sacrílega (de expulsar Deus da sociedade humana
como um Hóspede importuno): a falsa ciência, a falsa política e a falsa religião. Um guerreia a
Deus nos domínios da criação material; outro O guerreia no regime e governo das sociedades
humanas; e o terceiro O guerreia dentro do próprio Templo! Um nega o Dogma da Criação do
Mundo por Deus, e, já para uma multidão de homens, o Mundo é eterno, não teve princípio
nem terá fim! Outro nega o Dogma da Providência Divina na marcha das sociedades humanas,
e já para uma multidão de homens Deus nada tem que ver com as Leis, os Códigos, a Educação,
o Ensino, nem mesmo com o Casamento, o Lar doméstico e a Família! O terceiro não respeita
e despreza o que importa negar praticamente, o Dogma da Eucaristia, isto é, a Presença
Real de Jesus Cristo no Templo, e já para uma multidão de falsos devotos, o Templo não é verdadeiramente
a Casa de Deus!
Três abominações! Três grandes calamidades da nossa época! E como são absurdas!
“...
Falaremos apenas do terceiro inimigo mortal de Deus.
"Sem dúvida, o universo inteiro é um templo cheio da glória de Deus, presente em todos
os lugares (como Criador e Provedor), tendo direito a receber as homenagens do homem!
Impossível ao homem, onde quer que esteja, evitar a Presença de Deus!
A Presença de Deus, de tal modo consagra o universo que, em todos os lugares, por
toda a parte, devemos estar puros e isentos de toda mácula, certos de que o olhar divino está
fixo sobre cada um de nós, e pecar não podemos sem profanar o universo. Há no universo, entretanto,
lugares especialmente consagrados à Divindade, e onde o Deus Redentor quer habitar
verdadeiramente no Mistério inefável da Eucaristia, que responde e perpetua a Vida de Jesus
Cristo dando-se aos homens, em todas as suas prodigalidades, tão realmente como se
deu nos 33 anos da vida Humana na Judéia.
Belém, Egito, Nazaré, Cafarnaum, Tabor, Betânia, Jerusalém, Getsêmani e Calvário, ─
não são para os que penetram num Templo Católico, cidades ou lugares remotos; são episódios
vivos que devemos contemplar; Mistérios, de que podemos nos utilizar; continuações místicas,
porém, reais, do Verbo Divino, porque a Eucaristia reproduz realmente a Sua Encarnação,
e, reproduzindo-a, de novo Ele nasce, de novo cresce, de novo se desenvolve, de novo
prega, de novo se imola e se crucifica, de novo morre e de novo ressuscita.
Ó! Como é bela, como é sublime esta Verdade da Fé! Também a Eucaristia é a Glória
da Igreja! E se dos nossos Templos tirardes o Deus oculto, mas Real, que reside nos Tabernáculos,
esses Templos não serão mais do que casas de pedra, vazias como as casas de oração
dos Protestantes...
À beleza e à sublimidade da verdade eucarística corresponde necessariamente um dever,
cuja infração não pode deixar de ser a Abominação do Templo: ─ o dever da reverência ─
que, se em todo o universo é devido a Deus, no Templo o é de um modo especial, e não se
pode compreender que se realize sem uma disposição de Inocência, ou ao menos, de Penitência,
sem o Recolhimento do espírito, sem a Decência ou a Modéstia exterior.
Quanto à Inocência ou à Penitência, quantos homens atualmente freqüentam os Templos
com esta disposição?! A Igreja não repeli nenhum pecador, mas quer que o pecador, vindo
ao Templo, comparecendo perante a Majestade do Deus Redentor, traga ao menos desejos
de justiça e de penitência, quer que compreenda que, sentir-se culpado de pecados e não pensar
nos meios de resgatá-los; ter o coração corrompido e não querer os remédios, que o podem
regenerar; separar-se de Jesus Cristo, e nem no lugar onde Ele reside aceitar a União que
a Igreja lhe propõe, é desprezar Jesus Cristo, insultar o seu amor, e zombar do Ministério de
seus Sacerdotes.


Quanto ao Recolhimento, é preciso que ele se traduza em adoração, ação de graças e
súplica. Quantos homens, dos que freqüentam atualmente os Templos da Cristandade, verdadeiramente
se prostram diante do Deus Redentor?! Como compreender que tantos homens estejam
nos Templos sem nenhum sinal de aniquilamento perante a Majestade de Deus, sem
consciência da miséria de que estão cheios, sem nenhum sinal, nem indício em sua conduta,
em seus atos, de que compreendem as grandezas e as maravilhas da Redenção?!
É no Templo que se reproduz incessantemente a Morte de um Deus, não sendo o altar,
no Sacrifício da Missa, senão um outro Calvário, e a Missa, a mesma Imolação da mesma Vítima.
É no Templo que está patente, como um poço de abundância, o poço Sacramental em que
se lavam as máculas do pecado, e de onde o pecador sai mais puro e mais brando que a neve.
É no Templo que o banquete das almas é servido à humanidade com uma simplicidade que
disfarça a opulência, pois que o manjar desse banquete é a Carne, e o vinho desse banquete é
o Sangue de um Deus. É no Templo que, rivalizando com os Sacramentos, a palavra do Padre,
seja nas alturas do discurso sublime, seja nas simples efusões de uma prática familiar, reproduz
os Ensinos do Divino Mestre! Desprezar tudo isto não é verdadeiramente profanar o Templo?!
Quanto à Decência e à Modéstia exterior, não são profanações sem nome fazer do luxo
uma arma de guerra contra o Deus dos Pobres, mas que o é também dos Ricos?! Aparecer nos
Templos não só com fausto e vaidade, mas também com imodéstia e imprudência, opondo aos
gemidos e às lágrimas, que a Igreja pede pelos pecados, o brilho louco dos diamantes que
deslumbram o mundo?! Fazer dos vestuários que não têm por fim senão o recato do corpo humano,
meios, pelo contrário, de expor o corpo humano, como uma carne pública, às cobiças
da luxúria?! Vir aos Templos disputar com Jesus Cristo os olhares e as homenagens que somente
a Ele são devidos?!
Ah! Os católicos que vêem ao Templo, não para humilhar-se, mas para saciar os vermes
da consciência, esses profanam o Templo! E o seu proceder é, sem dúvida alguma, muito
pior, muito mais abominável do que o orgulho da falsa ciência e a incapacidade da falsa política!
Ó! De todos os crimes desta época, o maior de todos e o que mais ultraja a Majestade
Divina é a profanação do Templo, donde hoje, como de todos os outros lugares da terra, parece
que O querem expulsar até mesmo aqueles que fazem profissão de piedade.
O Templo! Eis a última cidadela que resta a Jesus Cristo! Pouco falta, porém, que lhe
seja arrancada; e, arrancada que seja, sitiada como já está pelo exército inimigo, cujas legiões
são os Protestantes, os Espíritas, os Positivistas e os Maçons, entrará nele, arrogante, altivo,
soberbo, esse que todas as línguas chamam o Anticristo!”

(R. Pe. Júlio Maria, C. Ss. R., "A Segunda Vinda de Jesus Cristo", Cap. X, Estabelecimento de Artes Gráficas − C. Mendes Júnior, 1932).

Fonte: Reminiscências sobre a Modéstia no Vestir(Não sei quem é o autor, se alguém souber me acuda a fim de que eu lhe dê os devidos créditos)

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