quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A Quaresma é tempo de Penitência I



"Rezai, rezai muito; e fazei sacrifícios pelos pecadores, por que muitas almas vão para o Inferno, por não haver quem se sacrifique e peça por elas." Esta verdade, que foi dita por Nossa Senhora em Fátima aos três pastorinhos deve nesta quaresma, mais do que nunca, nos despertar para a realidade da qual Santo Agostinho já nos alertou:  "Todo pecado, grande ou pequeno, não pode ficar impune; ou é punido pelo homem que faz Penitência ou no último Juízo pelo Senhor".

Vejamos este trecho do blog Fazei o que Ele vos disser:

Penitência e Amor

Quando S. Domingos Sávio estava gravemente doente, foi um dia submetido a uma sangria. Antes de iniciar, o médico dise-lhe: "Olha para o utro lado, Domingos, assim não verás escorrer o teu Sangue". "Ah, não - respondeu - furaram as mãos e os pés de Jesus com grandes pregos sobre a Cruz e Ele não disse nada..." Domingos sofreu sem um gemido os dez pequenos cortes que lhe fizeram. Eis a lei do amor: quando se ama de verdade uma pessoa, se quer com ela condivir todos os sofrimentos. Não se pode renunciar! Quem ama Jesus e conhece sua vida de humildade e sacrifício, culminada na cruel Crucificação e Morte, não pode deixar de desejar a participação em toda aquela dor desejada pelo amor. A intensidade desta participação às vezes manifestou-se até de modo prodigioso e sangrento. Pensemos em S. Francisco de Assis, S. Verônica Giuliani, S. Gema Galgani, Pe. Pio... Mas em todos os santos a Penitência mais dolorosa foi uma exigência do amor. Eles chegavam ao ponto de não desejar nada além de sofrer. Recordemos alguns exemplos: S. Francisco Xavier, embora oprimido por dores muito fortes, rezava com transporte, dizendo: "Ainda, Senhor, ainda mais." E à ilha onde sofreu as mais graves tribulações, quis pôr o nome de Ilha das Consolações. S. Teresa de Jesus também é célebre pelo seu grito: "Ou sofrer ou morrer". S. João da Cruz a Jesus que lhe perguntava o que queria, respondeu: "Sofrer e ser desprezado por Ti". S. Gabriel de Nossa Senhora das dores dizia que o seu Paraíso eram as dores de Maria. S. Maximiliano chamava "balinhas de caramelo" as cruzes e as tribulações. Pe. Pio dizia que suas tremendas dores eram "as alegriazinhas do esposo". Assim raciocina quem ama.

Fazer o próprio dever

A primeira e mais importante Penitência do cristão é aquela de cumprir fielmente e perfeitamente os próprios deveres cotidianos. Fazer outras penitências omitindo estas significa fazer o secundário, ignorando o principal. Em 1º lugar, lembremo-nos bem: 1º o cumprimento dos deveres. Se é assim a substância da nossa vida de penitência é segura. S. José Cafasso conduzia uma vida de Penitência escondida aos olhos dos demais. Dos depoimentos do processo de beatificação, sabemos que a mulher que lavava a roupa manchada de sangue, tinha-se dado conta disso. "Por que as camisas estão sempre sujas de sangue? - perguntou - O senhor tem algum ferimento?" O santo quis ficar calado, mas respondeu bruscamente: "Vós sois como uma mãe, por isso, vos direi tudo, mas não o deveis contar a ninguém. Deveis saber que nós, padres, usamos uma cintura com pontas chamado cilício. Eis porque achais as manchas." "Mas deve doer muito, meu pobre filho!"Exclamou a mulher. "Sim, dói, mas precisamos descontar nossos pecados, não?" "O que está dizendo? - retrucou - Se o senhor precisa fazer penitência, o que devemos fazer?" "Vós trabalhais duro - respondeu o santo - e trabalhar o dia todo já é uma bela penitência".


Como nos diz São Cipriano, "Ó penitência! Tudo o que estava amarrado, o desamarraste, o que estava fechado, o abriste". Por nossos pecados e em reparação pelos pecados dos outros devemos oferecer pequenos sacrificiozinhos e oferecê-los ao Sacratíssimo Coração de Nosso Senhor pelas mãos puríssimas da Virgem.

O oposto da aversão, que significa dar as costas, é a conversão. Converter-se é retomar a direção anterior que foi deixada. A Penitência serve para que nosso corpo também sinta a necessidade de voltar para Deus. A Penitência é a nossa higiene espiritual, como muito bem disse o Padre Sérgio Muniz ontem em sua palestra sobre a Quaresma. Tanto mais estamos acostumados a higiene, tanto mais sensíveis ficamos ao mau odor. Assim é para quem trabalha em uma peixaria, por exemplo, que de tanto sentir o cheiro ruim já nem se incomoda mais, não o percebe, perdeu a sensibilidade a ele ao contrário de quem entra lá pela primeira vez e se assusta com tamanho fedor.
Os santos se achavam os maiores pecadores. Quando se está na luz, qualquer ponto de treva é claramente perceptível. Em contrapartida, quando se está em trevas, um ponto a mais ou a menos de escuridão não faz diferença e pode chegar com frequência a nem ser notado.

[Confira na próxima postagem algumas práticas penitenciais para esta quaresma]


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