domingo, 9 de outubro de 2011

Quando eu for Moça (parte 1)

Resolvi adaptar um livro que está escrito em um português bem antigo. Encontrei no http://alexandriacatolica.blogspot.com e parece muito bom para aquelas que, como eu, ainda não encontraram sua vocação. Espero que lhes seja útil, donzelas :)

"Quando eu for moça"
Centro da Boa Imprensa
Porto Alegre, 1925
Autor: J. Nysten


Uma preliminar
Quando nos arredores de Hebron se espalhou a promissora notícia do nascimento de S. João Batista, veio toda a vizinhança para felicitar o venturoso casal, Joaquim e Ana. Aproximavam-se daquele berço e, com a curiosidade natural em tais ocasiões, todos indagavam o futuro daquela criança, que tantos prodígios ocasionava ao nascer: Quis puer isto erit. Que virá a ser esta criança?
Senhorita, não sei se o mesmo se terá dado junto ao vosso berço. É de presumir que não, o vosso nascimento, como o meu e o dos demais, nenhuma particularidade trouxe consigo. Apenas os vizinhos, e de preferencia as vizinhas, punham-se a contemplar as minúsculas dimensões do recém-nascido e, para serem agradáveis aos pais, prodigalizavam elogios, sem se preocuparem muito com a sinceridade dos mesmos.
Agora, o caso é outro. Passaram os anos, crescestes, e, hoje, não há dúvidas, muitos perguntam a si mesmos ou aos vossos pais: Mas, enfim, que rumo tomará aquela moça tão distinta? casará? É tão piedosa, tão recatada. Eu tenho para mim que vai se freira; aquela piedade na igreja, aquela reserva quanto aos divertimentos profanos, bem lhe atraiçoam as intenções... como se para casar fosse necessário ser leviana.
- E os pais?
- Esses não dizem nada; quiçá nem suspeitam. Creio, porem, que prefeririam vê-la casada.
Como essas pessoas que por vós se interessam e fazem a vosso respeito um juízo tão lisonjeiro, também eu ignoro o vosso futuro. Sei que em todas as donzelas cristãs há de que se fazer grandes e excelentes coisas, quer Deus as escolha exclusivamente para Si, como plantinhas humildes e aromáticas de seu jardim, na vida religiosa, quer as destine ao casamento, para fazer delas excelentes esposas, e mães de família de que temos tão grande necessidade, nesta hora de liquidez moral, quer, enfim, as reserve para humildes e devotadas auxiliares, nas paróquias, para a salvação de muitas almas e alívio de muitas misérias físicas e morais do próximo, no mundo. Às que escolhem este último partido, chamam alguns «solteironas» e chamo-lhes eu anjos da Providência, se souberem honrar o seu celibato no mundo. Em outro capítulo desta obra, darei a razão da minha divergência.
Muitos pais há que temem ver seus  filhos enveredarem pelo primeiro e terceiro destes caminhos e, quando lhes notam piedade um pouco fora do comum, tornam-se apreensivos, fazem todo o empenho para casa-los ou, quando menos, para que fiquem em casa, mas freira ou padre, isso nunca... Tudo o que quiserem, menos padre ou freira.
Com efeito, a maior aspiração dos pais e, notadamente, das mães, - e nisto pensam dia e noite, - é poderem, mais tarde, embalar os netinhos, com exceção de algumas que também gostam de abraçar os pobres orfãozinhos que não tem outros pais senão os sacerdotes e as religiosas.
Como quer que seja, às mães daquelas que se casam, desejo que Deus lhes conceda muitos anos de vida para que possam embalar os netinhos, mas não devem esquecer que, se o soberano Senhor reservar para Si algum dos filhos, não lhes faz injúria alguma, antes muita honra lhes dá.
A grande questão, porém, aqui, o problema a resolver, antes de mais nada, é este: Qual é a vossa vocação?
O futuro vos inquieta e é natural; vai nisso a vossa felicidade temporal e eterna. tendes diante de vós três caminhos: o casamento, o celibato no mundo ou no claustro. Trata-se aqui de escolher e escolher bem e não deveis arriscar-vos por nenhum deles sem madura reflexão. Já pensastes nisso, já refletistes, examinastes e não atinais a decidir. «Se ao menos uma voz do céu me dissesse: Casa-te ou vai para o convento ou fica onde estás. Porém, nada disso; esses três estados, esses três caminhos vivem a solicitar-me e a assustar-me, atormentam-me e eu sofro.»

Continua...


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